Continuação do post anterior.
A Igreja da Grécia nos
Tempos Modernos.
A Igreja da Grécia, que sofreu
enormemente sob a dominação islâmica turca, entrou em um novo estágio de sua
vida desde o dia em que a revolução grega recebeu a benção do clero grego;
membros do clero se destacaram como líderes militares; e membros do clero
sentaram no primeiro concílio nacional da Nova Grécia. Desde os tempos de Léo o
Isauriano (714-741), a Igreja dessas regiões eram uma dependência do Patriarcado
Ecumênico, de Constantinopla, ao qual estavam organicamente juntas. Mas os
líderes da Revolução consideraram que sua independência política da Turquia não
estaria completa se não fosse acompanhada pela emancipação eclesiástica. Daí,
na Assembléia Geral de Nauplion em 1833, e na proclamação da constituição sob o
Rei Otto em 1844, os representantes da nação declararam que, apesar da Igreja
da Grécia permanecer unida com a Igreja de Constantinopla em questões de dogma,
ela gozaria de completa autonomia em questões de governo.
Em grande parte eles
estavam certos; pois os limites eclesiásticos sempre se conformaram aos limites
políticos, e um país livre deve ter uma Igreja livre. Por um longo período o
Patriarcado Ecumênico não concedeu. Ele via a propriedade da Igreja sendo
quebrada ostensivamente para ser malbaratada pelos leigos. Ele temia que a
separação administrativa da Igreja da Grécia pudesse ser tomada como um
precedente por outros povos dos Balkans que não estavam ainda preparados para autogoverno;
e ele estava particularmente apreensivo que os conselheiros protestantes do Rei
Otto fossem introduzir no jovem estado da Grécia formas de governo contrárias
aos princípios Ortodoxos. No fim, no entanto, ele cedeu, e emitiu em 1850 o
Tomo Sinótico sobre a emancipação da Igreja da Grécia, declarando seu direito
ao autogoverno. Nos anos que se seguiram a revolução, os limites da Igreja da
Grécia, assim como os da própria nação estavam restritos. Mas em 1863, as Ilhas
Iônicas foram unidas à Pátria-mãe; em 1878, Tessalônica e parte do Epirus; em 1913 a Macedônia do Sul, Creta e algumas Ilhas do
Mar Egeu; e em 1922, a Trácia Ocidental.
Como resultado desses vários aumentos no território nacional, os limites da
Igreja da Grécia também foram aumentados, à custa da diminuição dos limites do
Patriarcado Ecumênico, em cuja jurisdição essas áreas estiveram por séculos.
Hoje em dia, a Igreja
da Grécia inclui cerca de oitenta Metrópoles das quais trinta e três pertenciam
à Grécia pré-guerra, enquanto quarenta e sete foram acrescentadas depois da
guerra. Ela é governada por um Sínodo duplo: o "Sínodo Periódico”, que se
reúne uma vez por ano em Atenas e inclui todos os bispos, e o "Sínodo
Permanente," que consiste de oito bispos e que trata dos assuntos do
dia-a-dia. Ambos os sínodos são presididos pelo Arcebispo de Atenas, que também
tem o título de "Arcebispo de Toda a Grécia”. A Igreja da Grécia enfrenta
muitos problemas. Seus bispos são todos homens de educação erudita, e
financeiramente independentes; mas seus padres com freqüência estão
necessitados de melhor educação e meios financeiros. Escolas teológicas e
clericais na verdade existem; mas como o presbiterado é um chamado quase sem
pagamento, seus estudantes usualmente dirigem-se para outras profissões. O povo
é ligado à fé Ortodoxa, a qual, no entanto, é continuamente minada por
propaganda estrangeira; e apesar da Ortodoxia ser considerada a religião
oficial do Estado da Grécia, os dirigentes do país assistem passivamente à má
administração das propriedades eclesiásticas e mantém a Igreja em sujeição. Contra todos esses males, a
Igreja da Grécia está trabalhando duplo. A posição do clero está melhorando
gradualmente; sermões são procurados muito mais; a imprensa está crescendo;
instituições de caridade estão sendo fundadas; e a vida religiosa está
progredindo tanto na teoria quanto na prática.
Muitos pensam que os que falam grego são privilegiados, porque uma
parte considerável das Escrituras Sagradas foi originalmente escrita na língua
deles. O grego moderno, porém, é bastante diferente do grego usado na tradução
Septuaginta das Escrituras Hebraicas e nas Escrituras Gregas Cristãs (Novo
Testamento). Na realidade, durante os últimos seis séculos, para a maioria das
pessoas que falam grego, o grego bíblico tem sido tão desconhecido como uma
língua estrangeira. Termos antigos foram substituídos por palavras novas, e o
vocabulário, a gramática e a sintaxe mudaram.
As traduções da Bíblia em grego
popular tem sido condenadas, pela Igreja Grega e tem sido motivo de uma luta
longa e árdua. Mas quem resistiria à produção duma Bíblia num grego fácil de
entender? Por que alguém desejaria impedir isso? Muitos crêem que os líderes
espirituais temem que, se o povo chegar a entender a Bíblia, isso exporia as
crenças e os atos anti bíblicos dos clérigos. Mas, Neofitos Vamvas, um notável lingüista e famoso erudito bíblico,
considerado como um dos “Instrutores da Nação” cria firmemente que, para
despertar a espiritualidade do povo, era preciso traduzir a Bíblia para o grego
falado na época. Em 1831, com a ajuda de outros eruditos, ele começou a
traduzir a Bíblia para o grego literário. Sua tradução completa foi publicada
em 1850. Visto que a Igreja Ortodoxa Grega não o apoiava, ele colaborou com a
Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira na publicação e distribuição da sua
tradução. A igreja chamou-o de “protestante”, e ele logo se viu marginalizado.
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