Os cinco Patriarcados.
Continuação do post anterior.
Os Cincos Patriarcas. Antes de Constantino, Bizâncio era um insignificante episcopado
sob o comando do Metropolita de Heraclea. Mas a partir do momento que a assim
renomeada Constantinopla (cidade de Constantino) suplantou a velha Roma como
capital do Império Romano, ela veio a ser, também, o mais importante
arcebispado do império; e o Quarto Concílio Ecumênico intitulou o Arcebispo de
Constantinopla com igual reverência à do Arcebispo de Roma, "porque Constantinopla é a cidade do
rei." Pela mesma razão, a outrora insignificante cidade de Bizâncio
foi elevada à condição de capital do mundo ao mesmo tempo em que a antiga
cidade de Roma estava decrescendo. Em 587 o Arcebispo de Constantinopla, João o
Jejuador, reivindicou e obteve o título honorífico de "Ecumênico", ou
seja, “bispo Universal”.
Seu rival, Gregório o
Grande, de Roma, recusou-se a usar esse título, nem tanto contra o título em
si, mas como um protesto contra o portador dele (João), e procedia
provavelmente mais de ciúme de um rival em Constantinopla do que de uma sincera
humildade. Mas, os sucessores de Gregório, em Roma, não esperaram muito
para chamar a si mesmo “bispos universais”. O conceito de "bispo universal",
por direito, pertence somente a Cristo (1 Pedro 2:25). A hierarquia que agora
está centralizada na Cidade do Vaticano é totalmente estranha ao Novo
Testamento.
Discute-se se, em
Bizâncio, a Igreja entregou sua "liberdade" nas mãos dos Césares, com
a presunção de que o Imperador era o real governante da Igreja, mesmo que nunca
tenha sido reconhecido como sua cabeça. Tem sido dito mais de uma vez, que em
Bizâncio a Igreja simplesmente deixou de existir como uma "instituição
independente" e foi praticamente reduzida ao estado de "departamento
litúrgico do Império”.
Com o correr do tempo, a autoridade
administrativa dos Arcebispos de Éfeso e Cesarea tornaram-se subordinadas ao
Arcebispo de Constantinopla, e Salonica ficou sobre o comando de Roma; e em 431
o episcopado de Jerusalém, foi promovido ao nível de centro eclesiástico
independente, como uma reverência com a Cidade Santa que havia sido o berço do
Cristianismo no seu nascimento. Assim, em meados do século quinto, existiram,
no mundo cristão, cinco governantes eclesiásticos supremos, que começaram a
receber o título de "Patriarcas": os Arcebispos de Roma,
Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, além da igreja de Chipre que
passou a ter uma consideração especial devido à sua origem apostólica.
Catástrofes políticas no
Oriente, isto é, a invasão Persa e a conquista Árabe, junto com a secessão dos
Monofisistas e Nestorianos no Egito e na Síria, reduziram o papel das antigas
grandes Sés daquelas áreas, e isso acelerou a subida da Sé de Constantinopla. As ferozes incursões do Mohamedanismo
ao Egito, Síria e Palestina diminuíram a importância dos três últimos
Patriarcados citados e os restringiram de todos os modos. Daí em diante, duas
cabeças eclesiásticas permaneceram supremas no Cristianismo; no Ocidente o
Primado da Velha Roma, cuja autoridade era firmemente crescente; e no Oriente o
Primado da Nova Roma, ou Constantinopla, que estava lutando para manter sua
independência eclesiástica.
A Ambição dos Papas de Roma. Apesar de sua posição exaltada e seu impressionante
título de "Patriarca Ecumênico," o Patriarca de Constantinopla
exercia uma autoridade que era restrita de muitas maneiras e nunca foi capaz de
ambicionar a suprema autoridade sobre o mundo todo. A glória política de seu
trono foi obscurecida pela origem apostólica ou pela renovada santidade de
outras cidades do oriente, e sua liberdade era cortada pelo Imperador
Bizantino, que convocava os concílios, e às vezes, até mesmo ele próprio emitia
Decretos de Fé, indicava o Patriarca, e constantemente interferia nos assuntos
eclesiásticos. A posição do Papa, no entanto, era completamente diferente. Roma
era a única Igreja Apostólica do Ocidente, e era, por isso, olhada
reverentemente pelos Cristãos da Itália, Gália, Espanha, África e outros.
O Imperador, cujo trono estava então no
Oriente, estava muito longe para ingerir-se nos assuntos da Igreja de Roma, e
cabeças da Igreja Oriental, perseguidos por Imperadores heréticos, como foi o
caso, por exemplo, de Atanásio, procuravam refúgio com os Papas de Roma. Até o
passado histórico de Roma, uma vez mandatária no mundo todo, alimentava no
coração dos Papas ambições despóticas e imperialistas. Assim, desde os
primeiros tempos, vemos atitudes arrogantes dos Papas para com seus
companheiros-bispos. Os Papas nunca falharam em tirar vantagem de qualquer
circunstância que pudesse colaborar com o objetivo de sujeição de outros
bispos, até que, tendo reunido todas as Igrejas Ocidentais sob sua autoridade,
eles julgaram o momento oportuno para invadir as Igrejas do Oriente.
Encontraram um pretexto para sua intenção nas disputas e lutas domésticas em
Constantinopla durante o século nono.
Continua no próximo post.
Um "status"
independente foi concedido à Igreja de Chipre, em consideração à sua origem Apostólica
e antiga glória.