domingo, 22 de setembro de 2013

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 09.



Continuação do post anterior.
As Cruzadas: Atendendo ao apelo do papa Urbano II, em 1095, foram organizadas na Europa expedições militares conhecidas como Cruzadas, cujo objetivo oficial era reconquistar os lugares sagrados do cristianismo (Jerusalém, por exemplo) que estavam em poder dos muçulmanos.
Entretanto, além da questão religiosa, outras causas motivaram as cruzadas: a mentalidade guerreira da nobreza feudal européia, canalizada pela Igreja contra inimigos externos do cristianismo (os muçulmanos); e o interesse econômico de dominar importantes cidades comerciais do Oriente.
De
1096 a 1270, a cristandade européia organizou oito cruzadas, tendo como bandeira promover guerra santa contra os infiéis muçulmanos.
Cerco de Constantinopla. Por sete séculos Constantinopla permaneceu firme como a rocha da Europa Cristã, na qual a maré irresistível do Islamismo batia em vão. Mas ela estava destinada a cair afinal, exausta, na terça-feira, 29 de maio de 1453. O fundador do islamismo tinha previsto que um dia a grande cidade cairia nas mãos de seus seguidores. Essa profecia foi cumprida pelos turcos, que receberem o Islã dos árabes, e prosseguiram na missão de espalhar o Islã além fronteiras pela conquista e dominação das nações.
O Império Bizantino estava em trágica posição na época da queda, após ter guerreado por mil anos com inimigos bárbaros de todos os lados. Os sessenta anos de governo latino em Constantinopla tinham minado seriamente suas bases; e as contínuas invasões turcas tinham dimunuido o Império por todos os lados reduzindo-o a um reino de humildes dimensões. Mohamed II, que era apelidado de "o conquistador," cercou a capital com um exército fanático de 250.000 homens, contra cerca de 7.000 soldados cristãos reunidos em torno do último Imperador Constantino Paleólogo. Constantino foi ousado o suficiente para dar uma digna resposta ao seu poderoso inimigo que pedia uma rendição pacífica da cidade: "Dar a cidade para ti não está em meu poder, nem no poder de nenhum homem que habita aqui; pois temos um acordo e todos nós preferimos morrer, e não pouparemos nossas vidas”.
As Últimas Horas de Constantinopla. Quando Constantino constatou que a destruição era inevitável, colocou a si e a sua cidade nas mãos de Deus e preparou-se para morrer como um mártir. Ele primeiro ordenou que uma “litania” deveria ser cantada através de toda a cidade. E bispos, padres, monges, homens, mulheres e crianças, todos se juntaram a procissão chorando e clamando: "Senhor, tem piedade e salva a Tua herança!" Então, Constantino dirigiu aos homens que estavam ao redor dele, comovedoras palavras, incentivando-os a enfrentar a morte com a coragem dos mártires; e todos clamavam: "Sim, morramos pela fé em Cristo e pela terra de nossos pais."
O Imperador foi para a igreja de Santa Sofia para tomar sua última comunhão; então, subindo ao portão de Romanus, começou a dirigir a desesperada defesa. Mas foi subitamente cercado pelo inimigo e morto. Logo depois, a cidade estava sendo saqueada. Os homens eram degolados, e as jovens eram levadas em cativeiro; os Vasos Sagrados eram usados como copos comuns para as selvagens orgias dos turcos vitoriosos; e o conquistador cavalgou arrogantemente para dentro da Catedral de Santa Sofia, e transformou-a numa mesquita muçulmana.
O Significado da Queda de Constantinopla. A queda de Constantinopla marcou o colapso do último baluarte do Cristianismo Oriental e sua civilização. Outras províncias rapidamente compartilharam seu destino; a Sérvia caiu em 1459, o Peloponeso em 1459, Trebizonda em 1461, Bósnia em 1463, Albânia em 1467 e Herzegovina em 1483.
Esse evento histórico teve grandes conseqüências e ensinou importantes lições. Abriu um poço de vida intelectual para a Europa, pois eruditos fugitivos de Constantinopla assentaram-se no Ocidente e semearam sementes da Renascença e da Reforma. E do ponto-de-vista religioso, a queda de Constantinopla causou uma forte manifestação de fervor religioso. Grande foi a queda deles, mas também grande sua esperança consoladora. No momento em que os turcos entraram na Catedral de Santa Sofia, (assim diz uma tradição popular largamente espalhada), a Divina Liturgia estava sendo celebrada, e os padres chocados em horror foram congelados como mármore em seus lugares. Mas um dia chegará quando a bela cidade será restituída ao Cristianismo; e então os padres de mármore terão vida novamente e terminarão sua Liturgia interrompida.
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domingo, 8 de setembro de 2013

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 08.



Sujeição dos Patriarcados ao Islã.
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O Islã como Poder Conquistador. A dominação dos maometanos trouxe desastrosas conseqüências e culminaram com a sujeição das antigas Igrejas do Oriente a mandatários de outra fé. Maomé morreu em 632, e seu trabalho, segundo seu próprio comando, foi continuado por seus sucessores, os califas. Provenientes da península arábica, nos anos seguintes à morte de Maomé em 632, eclodiu a tempestade das invasões islâmicas. Abu Bekr (632-634) conquistou Damasco; Omar (634-643) invadiu a Pérsia, completou a conquista da Síria e colocou sob sua sujeição a Palestina e o Egito; e Otman (643-665) finalmente dominou a Pérsia e conquistou quase todo Norte da Àfrica.
Depois deles, Muaviah sitiou Constantinopla por terra e mar por sete anos (672-678), e só foi impedido de capturá-la nessa época pelo valente Imperador de Bizâncio, Constantino Pogonatus, que queimou a frota islâmica por meio do "fogo líquido" inventado pelo engenheiro grego Callinicus.
Mas mesmo depois desse desastre os árabes rapidamente recuperaram seu zêlo vitorioso; e, em 711, estabelecidos nas praias do norte da África, se lançaram pelo estreito de Gibraltar para a Espanha e avançaram direto para a França, onde o bravo general Charles Martel, finalmente, derrotou-os na batalha de Poitiers, em 732, exatamente cem anos depois da morte de Maomé.
A Sujeição dos Patriarcados ao Islã. O Islamismo com todos os seus eventos reduziu severamente os contornos da Igreja do Oriente e privou-a de belas províncias; os famosos Patriarcados de Jerusalém, Antioquia e Alexandria, que caíram logo sob os árabes, perderam sua antiga glória e vitalidade. Durante o cerco de Jerusalém por Omar, Sofrônio, o prudente Patriarca, encabeçou uma delegação ao encontro do califa e entregou a cidade a ele em termos favoráveis evitando assim a sua destruição.
Omar recebeu-o generosamente, e permitiu aos Cristãos manter os seus templos sem serem molestados sob a única condição de pagarem o "haratsi" ou "imposto de capital." Mas na Síria e outros lugares o "haratsi" não foi considerado suficiente, e aqueles que não mudaram a sua fé foram forçados a se submeter a todo tipo de humilhação. Todas as pessoas que professassem uma religião diferente da islâmica eram obrigadas a pagar um imposto especial (a Jyzia); se não o pagassem, essas pessoas eram decapitadas. Em tempo de guerra, a Jizya era aumentada de tal forma que reduzia os não-maometanos à penúria e à miséria, e muitas vezes à condição de escravatura, salvo se se convertessem ao Islão. Esta era a “tolerância” islâmica.
Não lhes era permitido montar um cavalo; a construção de Igrejas, procissões públicas, toque de sinos, e colocação de cruz nos sepulcros, tudo isso era proibido; e eram impedidos de manter posições oficiais. Infelizmente a conquista Islâmica da Síria e Egito foi facilitada pelas grandes disputas religiosas no sétimo século, que estavam grassando nessas províncias nessa época. Nestorianos, Coptas e Jacobitas eram consumidos por tal ódio pelos Cristãos Ortodoxos da região, a quem eles chamavam de “Melquitas" ou "Realistas" (do Rei), que eles saudaram o advento do governo islâmico como uma libertação.
Nos países conquistados, o cristianismo foi desaparecendo lentamente, com exceção de comunidades que ainda hoje resistem, formando Igrejas estruturadas: os coptas no Egito e na Etiópia, os Maronitas no Líbano. No norte da África, terra de Agostinho, Cipriano, Tertuliano, glórias da Igreja, a extinção foi definitiva: no momento da conquista havia 40 bispos, em 1076 eram dois.
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