segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 10.



Continuação do post anterior.
A opressão dos muçulmanos.
No dia da queda de Constantinopla, seu conquistador Mohamed II (1430-1481) agiu para com os Cristãos como um tigre sedento de sangue; mais tarde, no entanto, ele mudou sua atitude, e começou a bajulá-los com promessas. Alguns dizem que ele estava simplesmente cumprindo certas injunções do Corão, que permitiam auto-governo para membros de comunidades monoteístas, contanto que eles pagassem uma taxa tributária. Tendo sabido que o cargo de Patriarca estava vago, ele ordenou então que um homem compatível fosse eleito para o posto; Gennadius Scholarius foi escolhido e se apresentou diante dele. O Conquistador o recebeu favoravelmente, vestiu-o com uma preciosa capa, pôs um báculo pastoral em sua mão, e presenteou-o com mil florins e um cavalo branco. "Dirige teu rebanho em paz,” ele disse, e “goze de nossa amizade”, e “mantenha todos os privilégios de teus predecessores”.
Daí em diante, de acordo com as ordens claras de Mohamed II, o Patriarca Ortodoxo deveria continuar suas obrigações com seu clero atendente, não molestado e isento de taxas; foi deixada em sua posse as Igrejas Cristãs, foi permitido que se celebrasse livremente todas as cerimônias da louvação cristã, e que supervisionasse os assuntos domésticos de seu povo. Os mesmos privilégios foram concedidos pelo Conquistador ao Patriarca Ortodoxo de Jerusalém em 1455, quando ele reconheceu e confirmou os direitos dos gregos sobre os Sagrados Santuários.
A Violação pelo Conquistador de Suas Promessas. Infelizmente, no entanto, o fanatismo com o qual os governantes islâmicos estavam imbuídos, fez com que eles não respeitassem as promessas feitas. O próprio Conquistador, que pouco antes havia reconhecido as igrejas cristãs como locais de louvação para seus súditos (com a exceção de Santa Sofia, da qual ele tinha se apropriado desde o começo), rapidamente mudou de idéia, e transformou doze das mais bonitas igrejas em mesquitas islâmicas.
Quando Gennadius se aposentou do Patriarcado, Mohamed, extraiu a cada eleição de novo patriarca uma soma de dinheiro conhecida como "peskesi," que aumentava a cada nova eleição; de tal modo que na eleição do Patriarca Rafael, que, não sendo capaz de juntar essa grande soma, foi deposto e mandado em grilhões para as ruas para pedir caridade aos passantes. Pois mesmo contra a pessoa do Patriarca a violência de Mohamed não conheceu limites; O Patriarca Joasaph (1464-1466), teve sua barba cortada porque ele se recusou a confirmar um casamento ilegal, e, ao mesmo tempo, cortou o nariz do primeiro-capelão do Patriarca.
O Conquistador, além disso, organizava sistematicamente o abominável rapto de crianças. Cada quatro anos os oficiais turcos marchavam pelas províncias, e de cada dez famílias cristãs era escolhida uma criança com não mais de sete anos, que eles carregavam para Constantinopla, educavam no fanatismo islâmico em uma instituição especialmente criada para esse propósito, e então a colocavam no temível regimento militar dos Janizários. Assim, de carne e sangue Cristãos eram feitos os mais mortíferos inimigos do Cristianismo, que dirigiam suas espadas contra seus próprios pais e irmãos.
Todos os sucessores do Conquistador igualaram-no em ferocidade, e alguns, na verdade, ultrapassaram-no. Selim I (1512-1530) submeteu ao Mufti a questão se seria mais proveitoso para sua alma por o mundo inteiro em sujeição, ou converter o seu Império todo ao Islã. Quando lhe foi dito que esse último evento seria mais aceitável por Alá, ele instigou uma feroz perseguição contra os cristãos seus súditos, mandando que seu Grão Vizir transformasse todas as igrejas que haviam sido deixadas para os cristãos, em mesquitas; e matasse todos os cristãos que não mudassem de fé. Mas o Grão Vizir, comunicou secretamente o decreto do sultão ao Patriarca Theoleptus, que apelou pelos privilégios prometidos pelo Conquistador, e assim conseguiu evitar que o fanático rancor do tirano realizasse sua mais violenta ameaça.
Ele não foi, no entanto, capaz de salvar todas as Igrejas; pois tais belas e majestosas construções, disseram os conselheiros do Sultão, não deveriam ser usadas para adoração de ídolos. Entre as poucas igrejas que escaparam naquele tempo, estava a de "Pammakaristos," para onde o Patriarca foi transferido, após a destruição da Igreja dos Santos Apóstolos, que havia sucedido Santa Sofia. Mas em 1586 a igreja de Pammakaristos, também, foi tomada pelas ferozes hordas de Murad III e transformada em mesquita; e após remover de lugar para lugar, o Patriarca Ortodoxo finalmente estabeleceu-a no ano de 1600 na igreja de São George, no distrito de Phanari, onde tem permanecido até os dias de hoje.
Continua no próximo post