Continuação do post anterior.
A opressão dos muçulmanos.
No dia da queda de Constantinopla, seu
conquistador Mohamed II (1430-1481) agiu para com os Cristãos como um tigre
sedento de sangue; mais tarde, no entanto, ele mudou sua atitude, e começou a
bajulá-los com promessas. Alguns dizem que ele estava simplesmente cumprindo
certas injunções do Corão, que permitiam auto-governo para membros de
comunidades monoteístas, contanto que eles pagassem uma taxa tributária. Tendo
sabido que o cargo de Patriarca estava vago, ele ordenou então que um homem
compatível fosse eleito para o posto; Gennadius Scholarius foi escolhido e se
apresentou diante dele. O Conquistador o recebeu favoravelmente, vestiu-o com
uma preciosa capa, pôs um báculo pastoral em sua mão, e presenteou-o com mil
florins e um cavalo branco. "Dirige
teu rebanho em paz,” ele disse, e “goze de nossa amizade”, e “mantenha todos os
privilégios de teus predecessores”.
Daí em diante, de acordo com as ordens
claras de Mohamed II, o Patriarca Ortodoxo deveria continuar suas obrigações
com seu clero atendente, não molestado e isento de taxas; foi deixada em sua
posse as Igrejas Cristãs, foi permitido que se celebrasse livremente todas as
cerimônias da louvação cristã, e que supervisionasse os assuntos domésticos de
seu povo. Os mesmos privilégios foram concedidos pelo Conquistador ao Patriarca
Ortodoxo de Jerusalém em 1455, quando ele reconheceu e confirmou os direitos dos
gregos sobre os Sagrados Santuários.
A Violação pelo Conquistador de Suas Promessas. Infelizmente, no entanto, o fanatismo
com o qual os governantes islâmicos estavam imbuídos, fez com que eles não respeitassem
as promessas feitas. O próprio Conquistador, que pouco antes havia reconhecido
as igrejas cristãs como locais de louvação para seus súditos (com a exceção de
Santa Sofia, da qual ele tinha se apropriado desde o começo), rapidamente mudou
de idéia, e transformou doze das mais bonitas igrejas em mesquitas islâmicas.
Quando Gennadius se aposentou do
Patriarcado, Mohamed, extraiu a cada eleição de novo patriarca uma soma de
dinheiro conhecida como "peskesi," que aumentava a cada nova eleição;
de tal modo que na eleição do Patriarca Rafael, que, não sendo capaz de juntar
essa grande soma, foi deposto e mandado em grilhões para as ruas para pedir
caridade aos passantes. Pois mesmo contra a pessoa do Patriarca a violência de
Mohamed não conheceu limites; O Patriarca Joasaph (1464-1466), teve sua barba cortada
porque ele se recusou a confirmar um casamento ilegal, e, ao mesmo tempo,
cortou o nariz do primeiro-capelão do Patriarca.
O Conquistador, além disso, organizava
sistematicamente o abominável rapto de crianças. Cada quatro anos os oficiais
turcos marchavam pelas províncias, e de cada dez famílias cristãs era escolhida
uma criança com não mais de sete anos, que eles carregavam para Constantinopla,
educavam no fanatismo islâmico em uma instituição especialmente criada para
esse propósito, e então a colocavam no temível regimento militar dos Janizários.
Assim, de carne e sangue Cristãos eram feitos os mais mortíferos inimigos do
Cristianismo, que dirigiam suas espadas contra seus próprios pais e irmãos.
Todos os sucessores do Conquistador
igualaram-no em ferocidade, e alguns, na verdade, ultrapassaram-no. Selim I
(1512-1530) submeteu ao Mufti a questão se seria mais proveitoso para sua alma
por o mundo inteiro em sujeição, ou converter o seu Império todo ao Islã.
Quando lhe foi dito que esse último evento seria mais aceitável por Alá, ele
instigou uma feroz perseguição contra os cristãos seus súditos, mandando que
seu Grão Vizir transformasse todas as igrejas que haviam sido deixadas para os cristãos,
em mesquitas; e matasse todos os cristãos que não mudassem de fé. Mas o Grão
Vizir, comunicou secretamente o decreto do sultão ao Patriarca Theoleptus, que
apelou pelos privilégios prometidos pelo Conquistador, e assim conseguiu evitar
que o fanático rancor do tirano realizasse sua mais violenta ameaça.
Ele não foi, no entanto, capaz de
salvar todas as Igrejas; pois tais belas e majestosas construções, disseram os
conselheiros do Sultão, não deveriam ser usadas para adoração de ídolos. Entre
as poucas igrejas que escaparam naquele tempo, estava a de
"Pammakaristos," para onde o Patriarca foi transferido, após a
destruição da Igreja dos Santos Apóstolos, que havia sucedido Santa Sofia. Mas
em 1586 a igreja de Pammakaristos, também, foi
tomada pelas ferozes hordas de Murad III e transformada em mesquita; e após
remover de lugar para lugar, o Patriarca Ortodoxo finalmente estabeleceu-a no
ano de 1600 na igreja de São George, no distrito de Phanari, onde tem
permanecido até os dias de hoje.
Continua no próximo post