quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 14.


Continuação do post anterior.
A Igreja da Grécia nos Tempos Modernos.

A Igreja da Grécia, que sofreu enormemente sob a dominação islâmica turca, entrou em um novo estágio de sua vida desde o dia em que a revolução grega recebeu a benção do clero grego; membros do clero se destacaram como líderes militares; e membros do clero sentaram no primeiro concílio nacional da Nova Grécia. Desde os tempos de Léo o Isauriano (714-741), a Igreja dessas regiões eram uma dependência do Patriarcado Ecumênico, de Constantinopla, ao qual estavam organicamente juntas. Mas os líderes da Revolução consideraram que sua independência política da Turquia não estaria completa se não fosse acompanhada pela emancipação eclesiástica. Daí, na Assembléia Geral de Nauplion em 1833, e na proclamação da constituição sob o Rei Otto em 1844, os representantes da nação declararam que, apesar da Igreja da Grécia permanecer unida com a Igreja de Constantinopla em questões de dogma, ela gozaria de completa autonomia em questões de governo.
Em grande parte eles estavam certos; pois os limites eclesiásticos sempre se conformaram aos limites políticos, e um país livre deve ter uma Igreja livre. Por um longo período o Patriarcado Ecumênico não concedeu. Ele via a propriedade da Igreja sendo quebrada ostensivamente para ser malbaratada pelos leigos. Ele temia que a separação administrativa da Igreja da Grécia pudesse ser tomada como um precedente por outros povos dos Balkans que não estavam ainda preparados para autogoverno; e ele estava particularmente apreensivo que os conselheiros protestantes do Rei Otto fossem introduzir no jovem estado da Grécia formas de governo contrárias aos princípios Ortodoxos. No fim, no entanto, ele cedeu, e emitiu em 1850 o Tomo Sinótico sobre a emancipação da Igreja da Grécia, declarando seu direito ao autogoverno. Nos anos que se seguiram a revolução, os limites da Igreja da Grécia, assim como os da própria nação estavam restritos. Mas em 1863, as Ilhas Iônicas foram unidas à Pátria-mãe; em 1878, Tessalônica e parte do Epirus; em 1913 a Macedônia do Sul, Creta e algumas Ilhas do Mar Egeu; e em 1922, a Trácia Ocidental. Como resultado desses vários aumentos no território nacional, os limites da Igreja da Grécia também foram aumentados, à custa da diminuição dos limites do Patriarcado Ecumênico, em cuja jurisdição essas áreas estiveram por séculos.
Hoje em dia, a Igreja da Grécia inclui cerca de oitenta Metrópoles das quais trinta e três pertenciam à Grécia pré-guerra, enquanto quarenta e sete foram acrescentadas depois da guerra. Ela é governada por um Sínodo duplo: o "Sínodo Periódico”, que se reúne uma vez por ano em Atenas e inclui todos os bispos, e o "Sínodo Permanente," que consiste de oito bispos e que trata dos assuntos do dia-a-dia. Ambos os sínodos são presididos pelo Arcebispo de Atenas, que também tem o título de "Arcebispo de Toda a Grécia”. A Igreja da Grécia enfrenta muitos problemas. Seus bispos são todos homens de educação erudita, e financeiramente independentes; mas seus padres com freqüência estão necessitados de melhor educação e meios financeiros. Escolas teológicas e clericais na verdade existem; mas como o presbiterado é um chamado quase sem pagamento, seus estudantes usualmente dirigem-se para outras profissões. O povo é ligado à fé Ortodoxa, a qual, no entanto, é continuamente minada por propaganda estrangeira; e apesar da Ortodoxia ser considerada a religião oficial do Estado da Grécia, os dirigentes do país assistem passivamente à má administração das propriedades eclesiásticas e mantém a Igreja em sujeição. Contra todos esses males, a Igreja da Grécia está trabalhando duplo. A posição do clero está melhorando gradualmente; sermões são procurados muito mais; a imprensa está crescendo; instituições de caridade estão sendo fundadas; e a vida religiosa está progredindo tanto na teoria quanto na prática.
Muitos pensam que os que falam grego são privilegiados, porque uma parte considerável das Escrituras Sagradas foi originalmente escrita na língua deles. O grego moderno, porém, é bastante diferente do grego usado na tradução Septuaginta das Escrituras Hebraicas e nas Escrituras Gregas Cristãs (Novo Testamento). Na realidade, durante os últimos seis séculos, para a maioria das pessoas que falam grego, o grego bíblico tem sido tão desconhecido como uma língua estrangeira. Termos antigos foram substituídos por palavras novas, e o vocabulário, a gramática e a sintaxe mudaram.
As traduções da Bíblia em grego popular tem sido condenadas, pela Igreja Grega e tem sido motivo de uma luta longa e árdua. Mas quem resistiria à produção duma Bíblia num grego fácil de entender? Por que alguém desejaria impedir isso? Muitos crêem que os líderes espirituais temem que, se o povo chegar a entender a Bíblia, isso exporia as crenças e os atos anti bíblicos dos clérigos. Mas, Neofitos Vamvas, um notável lingüista e famoso erudito bíblico, considerado como um dos “Instrutores da Nação” cria firmemente que, para despertar a espiritualidade do povo, era preciso traduzir a Bíblia para o grego falado na época. Em 1831, com a ajuda de outros eruditos, ele começou a traduzir a Bíblia para o grego literário. Sua tradução completa foi publicada em 1850. Visto que a Igreja Ortodoxa Grega não o apoiava, ele colaborou com a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira na publicação e distribuição da sua tradução. A igreja chamou-o de “protestante”, e ele logo se viu marginalizado.
Continua no próximo post