quinta-feira, 19 de junho de 2014

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 21.

A Reforma na Suiça com Ulrico Zuínglio.
Continuação do post anterior.
Zuínglio estabeleceu a primeira Igreja reformada suíça na cidade livre de Zurique. Cura em Gláris, depois pregador em Einsiedeln, lendo o Novo Testamento grego de Erasmo, ele, como Lutero, teve a certeza de que o cerne do Evangelho é a boa nova da paternidade de Deus misericordioso. A leitura das obras de Lutero confirmou sua fé renovada. Ele a defendeu em 1523, em um grande debate perante o bispo. O Grande Conselho de Zurique adotou o seu programa reformador: liturgia na língua popular, substituição da missa pela pregação da Palavra, supressão das estátuas, secularização dos conventos e expropriação dos bens da Igreja.
Mas uma questão da doutrina separava Lutero de Zuínglio: Cristo está realmente presente no pão e no vinho da eucaristia? Sim, dizia Lutero, embora não se saiba como. Assim a santa ceia transmite a vida de Jesus e transmite a vida entre os fiéis. Não replicava Zuínglio. Jesus não disse: “Isto é o meu corpo”, mas: “isto é sinal de meu corpo”. A ceia somente lembra a última refeição de Cristo.
Um encontro em Malburg, em 1529, só permitiu constatar a divergência. Se todos concordam que o cristão se alimenta espiritualmente do corpo e o sangue de Cristo, divergem sobre “a presença do verdadeiro corpo e sangue do Senhor no pão e no vinho da ceia”.
Apesar dessas disputas, Zuínglio lembrou ao cristianismo uma exigência sempre atual: a necessidade de ser o cristianismo vivido politicamente. O reformador mostrou de modo especial no sermão “A justiça divina e a justiça humana”, mas também em seus atos, que é construindo uma cidade terrestre de justiça que o cristão vive sua fé em Cristo e o amor de Deus pelos homens.
Essa sociedade civil reformada se estendeu a Berna, ao Cantão de Vaud e a Genebra, onde Calvino encontrou refugio. Mas a guerra contra os Cantões católicos terminou com a morte trágica de Zuínglio em Kappel, em 1531. A Confederação Helvética permaneceu dividida religiosamente por três séculos.
Continua no próximo post.