sábado, 27 de junho de 2015

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 28.


Continuação do post anterior.
A queda do Império Romano.
Em 476, Odoacro, rei dos hérulos, conquista Roma. Os bárbaros ocupam o trono do Ocidente cristão. E guerrearão entre si para o controle e domínio do espólio imperial. Havia bárbaros pagãos e bárbaros arianos, como os germanos. Desafio duplo para a Igreja.
O Império Romano do Oriente ainda resistirá por mil anos, mas com território sempre mais reduzido até que, em 1452, Constantinopla foi tomada pelos turcos.
Nesta hora trágica e confusa, a fé cristã e seus pastores assumiram a defesa e organização do povo e dos novos povos. Igrejas, mosteiros e cidades estavam destruídos. Era preciso socorrer os pobres, reorganizar a vida.
Os bispos, sendo que a administração imperial entrou em colapso, passam a centralizar a organização e governo dos novos povos. Por causa de sua cultura e qualidades pessoais, os bispos tinham condições naturais de exercer essa liderança. Especialmente o Bispo de Roma, o papa, vai assumir progressivamente o posto deixado pelo Imperador. O papa Gregório Magno se empenha em reconstruir a cultura e a cidade de Roma.
Do meio das destruições e da decadência, surge uma nova força, primeiramente moral e depois política: a Igreja. Tem início uma nova etapa da história européia, chamada de Medieval, marcada pelo predomínio da autoridade eclesiástica. Papas e bispos são verdadeiros príncipes, refazendo a antiga prosperidade e organização legislativa do Império romano.
A derrota nestes dois combates teoricamente significaria o fim da Cristandade européia. Os locais onde tinha nascido o Cristianismo, as Igrejas mais antigas, os históricos e sagrados patriarcados de Jerusalém, Alexandria e Antioquia, caíram sob a dominação árabe. Com poucas exceções, os árabes foram tolerantes, mesmo que achassem cristãos e judeus cristãos de segunda classe.
Nos países conquistados, o cristianismo desapareceu lentamente, com exceção de comunidades que ainda hoje resistem, formando Igrejas estruturadas: os coptas no Egito e na Etiópia, os Maronitas no Líbano. No norte da África, terra de Agostinho, Cipriano, Tertuliano, glórias da Igreja, a extinção foi definitiva: no momento da conquista havia 40 bispos, em 1076 eram dois.
Como conclusão, podemos afirmar que, além de um mundo cristão revolvido, surge um mundo cristão dividido: as Igrejas do Oriente e do Ocidente se distanciam sempre mais, preparando o campo para a triste divisão do ano 1054, quando o Ocidente será católico e o Oriente, ortodoxo.
O antes da Hégira, o ano I da era muçulmana, o ano 622 da era cristã, representa a divisão do mundo conhecido entre os reinos bárbaros do oeste da Europa, fragmentados, divididos e ainda submetidos às invasões, e o império bizantino cristão que sobrevive a leste do Mediterrâneo.

O após a Hégira é a conquista muçulmana, a guerra santa, mantida pela fé de uma nova religião que deixa subsistir no Oriente um império bizantino enfraquecido e que estende seus avanços no Ocidente até a Espanha e ao sul da Gália, cortando em dois o Mediterrâneo durante quatro séculos.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 27.


Continuação do post anterior.
As atuais divisões do Cristianismo.
No cristianismo existem numerosas tradições e denominações, que refletem diferenças doutrinais por vezes relacionadas com a cultura e os diferentes contextos locais em que estas se desenvolveram. Segundo a edição de 2001 da World Christian Encyclopedia existem 33 830 denominações cristãs. Desde a Reforma o cristianismo é dividido em três grandes ramos:
Além desses três ramos majoritários, ainda existem outros segmentos minoritários do Cristianismo. Em geral se enquadram em uma das seguintes categorias:

  • Restauracionismo: são doutrinas surgidas após a Reforma Protestante cujas bases derrogam as de todas as outras tradições cristãs, basicamente tendo como ponto em comum apenas a crença em Jesus Cristo. A maioria deles não se considera propriamente "protestante" ou "evangélico" por possuirem grandes divergências teológicas. Nesta categoria estão enquadradas a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a Igreja Adventista do Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová, entre outras denominações. Quanto às Testemunhas de Jeová, embora afirmem ser cristãs, também não se consideram parte do protestantismo. Os testemunhas aceitam a Jesus como criatura, de natureza divina, seu líder e resgatador, rejeitando, no entanto a crença na Trindade e ensinando que Cristo é o filho do único Deus, Jeová, não crendo que Jesus é Deus.
  • Cristianismo primitivo: são as Igrejas cujas bases são anteriores ao estabelecimento do catolicismo e da ortodoxia. É o caso das igrejas não-calcedonianas e da Igreja Assíria do Oriente (Nestoriana).
  • Cristianismo esotérico: é a parte mística do Cristianismo, e compreende as escolas cristãs de mistérios e sincretismo religioso. A este ramo pertence o Gnosticismo que é uma crença com raízes antecedentes ao próprio cristianismo e que tem características da ciência egípcia e da filosofia grega. O Rosacrucianismo também se enquadra nessa vertente sendo uma ciência oculta cristã que ressalta as boas ações por meio da fraternidade.
  • Espiritismo: algumas vezes é contestado como sendo uma vertente do Cristianismo. Os simplesmente espíritas não acreditam que uma pessoa ou ser, como Jesus Cristo, pode redimir "os pecados" de uma outra, contudo para a maior parte dos adeptos do espiritismo a obra de Allan Kardec constitui uma nova forma de cristianismo, ou então um resgate do cristianismo primitivo, que não inclui os dogmas adicionados pela Igreja Católica em seus diversos Concílios. Inclusive, um dos seus livros fundantes é denominado de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Esse livro apresenta uma reinterpretação de aspectos da filosofia e moral cristã, crendo em parte na Bíblia Sagrada.
    Continua no próximo post.