Continuação do post anterior.
A queda do Império Romano.
Em
476, Odoacro, rei dos hérulos, conquista Roma. Os bárbaros
ocupam o trono do Ocidente cristão. E guerrearão entre si para o
controle e domínio do espólio imperial. Havia bárbaros pagãos e
bárbaros arianos, como os germanos. Desafio duplo para a Igreja.
O
Império Romano do Oriente ainda resistirá por mil anos, mas
com território sempre mais reduzido até que, em 1452,
Constantinopla foi tomada pelos turcos.
Nesta hora trágica e confusa, a fé
cristã e seus pastores assumiram a defesa e organização do povo e
dos novos povos. Igrejas, mosteiros e cidades estavam destruídos.
Era preciso socorrer os pobres, reorganizar a vida.
Os
bispos, sendo que a administração imperial entrou em
colapso, passam a centralizar a organização e governo dos novos
povos. Por causa de sua cultura e qualidades pessoais, os bispos
tinham condições naturais de exercer essa liderança. Especialmente
o Bispo de Roma, o papa, vai assumir progressivamente o posto deixado
pelo Imperador. O papa Gregório Magno se empenha em reconstruir a
cultura e a cidade de Roma.
Do
meio das destruições e da decadência, surge uma nova força,
primeiramente moral e depois política: a Igreja. Tem início uma
nova etapa da história européia, chamada de Medieval, marcada pelo
predomínio da autoridade eclesiástica. Papas e bispos são
verdadeiros príncipes, refazendo a antiga prosperidade e organização
legislativa do Império romano.
A
derrota nestes dois combates teoricamente significaria o fim
da Cristandade européia. Os locais onde tinha nascido o
Cristianismo, as Igrejas mais antigas, os históricos e sagrados
patriarcados de Jerusalém, Alexandria e Antioquia, caíram sob a
dominação árabe. Com poucas exceções, os árabes foram
tolerantes, mesmo que achassem cristãos e judeus cristãos de
segunda classe.
Nos países conquistados, o cristianismo desapareceu lentamente,
com exceção de comunidades que ainda hoje resistem, formando
Igrejas estruturadas: os coptas no Egito e na Etiópia, os Maronitas
no Líbano. No norte da África, terra de Agostinho, Cipriano,
Tertuliano, glórias da Igreja, a extinção foi definitiva: no
momento da conquista havia 40 bispos, em 1076 eram dois.
Como
conclusão, podemos afirmar que, além de um mundo cristão
revolvido, surge um mundo cristão dividido: as Igrejas do Oriente e
do Ocidente se distanciam sempre mais, preparando o campo para a
triste divisão do ano 1054, quando o Ocidente será católico e o
Oriente, ortodoxo.
O
antes da Hégira, o ano I da era muçulmana, o ano 622 da era cristã,
representa a divisão do mundo conhecido entre os reinos bárbaros do
oeste da Europa, fragmentados, divididos e ainda submetidos às
invasões, e o império bizantino cristão que sobrevive a leste do
Mediterrâneo.
O
após a Hégira é a conquista muçulmana, a guerra santa, mantida
pela fé de uma nova religião que deixa subsistir no Oriente um
império bizantino enfraquecido e que estende seus avanços no
Ocidente até a Espanha e ao sul da Gália, cortando em dois o
Mediterrâneo durante quatro séculos.