sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Era da Reforma Protestante - 03.

Continuação do post anterior.
3 - A Queda do Papado.
Bonifácio VIII – Em 1294, depois de o papado ter sofrido alguma perda de influência durante os fracos pontificados de alguns papas, Bonifácio VIII subiu ao trono. Seu propósito era ser o governo supremo da Europa, tanto temporal como espiritual, isto é, queria ser Imperador e Papa. Durante as festas do jubileu do ano 1300 fez questão de ser visto por milhares de peregrinos, sentado num trono com a coroa e a espada de Constantino, exclamando: “Sou o César, sou o Imperador”. Quando porém, tentou por as suas ideias em prática, defrontou-se com dois reis poderosos: Eduardo I da Inglaterra e Felipe, o Belo, da França. Fortes e garantidos pela unidade de suas nações, esses monarcas conseguiram afastar o papa dos negócios internos de suas nações. A disputa girava sobre o direito do rei cobrar impostos sobre as propriedades da Igreja, mas evoluiu para a polêmica sobre se seria a Igreja ou a nação quem devia governar o território nacional. Bonifácio VIII protestou, lutou, mas teve de ceder. Mais tarde envolveu-se em outra contenda com Felipe. Bonifácio defendeu a supremacia papal e ameaçou depor Felipe do trono. Em resposta, Felipe mandou uma força armada para prender o papa. E, de fato, o papa foi preso em Anagni. Depois de três dias foi solto e voltou a Roma, morrendo logo depois (1303), desgostoso por causa de sua vergonhoso e repentina queda. O poder que governara o mundo fora publicamente envergonhado e ninguém levantou a mão para defendê-lo, As nações estavam unidas e fortalecidas pelo sentimento nacionalista.
O “Cativeiro Babilônico” do papado – O papado estava agora sob o domínio do rei da França. Isso foi publicamente declarado em 1309, pois o papa havia estabelecido o seu trono em Avinhão, no Reno, em território francês. Aqui no seu cativeiro babilônico, o papado permaneceu por 68 anos. Durante esse tempo ele perdeu prestígio no pensamento e na consciência da Europa. O simples fato de mudar-se de Roma constituiu uma queda irreparável de autoridade e grande parte dessa perda de autoridade resultou da notória imoralidade da corte papal em que alguns dos papas foram os primeiros a darem os piores exemplos. A Europa gemia debaixo das contínuas extorsões e explorações de toda sorte.
O Grande Cisma – Como se o cativeiro não fosse o bastante, surgiu o grande cisma do papado. Forçado pela exigência da opinião pública, o papa Gregório XI, em 1377, voltou à Roma. Pouco tempo depois da eleição do seu sucessor, em 1378, outro papa rival foi eleito pelos cardeais franceses e levado à corte em Avinhão. Por mais de trinta anos houve dois papas, um em Avinhão e outro em Roma. Algumas nações reconheciam o papa de Roma e outras o papa de Avinhão. A contenda e a discórdia dominavam toda a Igreja. Até que os cardeais de ambos os papas convocaram um Concílio Geral para acabar com o Cisma. Esse Concílio se reuniu em Pisa em 1409 e escolheu um novo papa. Todavia, como os dois papas já existentes se recusaram a renunciar, permaneceram três papas. Cinco anos depois convocou-se outro Concílio em Constança, o qual depôs dois deles e persuadiu o terceiro a renunciar, terminando assim o Cisma, com a eleição de Martinho V, que foi reconhecido por toda a Igreja. Segue-se uma sucessão de papas que foram também políticos astutos e bons administradores, razão por que recobraram para o papado algum respeito e autoridade. Mas, o papado jamais voltou a ser o que era antes.
Continua no próximo post.







terça-feira, 11 de agosto de 2015

A era da Reforma Protestante - 02

A era da reforma Protestante - 02.
Continuação do post anterior.
Os Movimentos de Protesto:
O Movimento “Petrobrussiano” - Logo no início do século 12 surgiram vários movimentos de protesto e oposição contra a atitude e o estado da Igreja. O mais importante desses movimentos teve lugar no sudeste da França sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Lausanne. Eles e seus seguidores opunham-se a superstição dominante na Igreja, a certas formas de culto e a imoralidade do clero. Esse movimento chamou-se “Petrobrussiano”, desenvolveu-se em uma vasta região e pessoas de todas as classes sociais aderiram a ele, abandonando a comunhão, as igrejas e escarnecendo do clero.

Os Cataristas – Outra força relacionada com esse movimento foi o poderoso partido religioso dos cataristas, que se desenvolveu grandemente no final do século 12 e durante o século 13. Na realidade foi uma Igreja rival, pois ela possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, seu culto e sacramentos. O seu credo era uma estranha mistura de Cristianismo e idéias religiosas orientais. Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituia uma reprimenda ao clero que usava o nome de cristão. O culto e os sacramentos eram modelados pelos da Igreja, mas livres de elementos de superstição e do formalismo. Representavam o desejo generalizado de uma religião melhor do que Igreja papal oferecia.
Os Cataristas se espalharam pela Itália, França, Espanha, Países Baixos e Alemanha. Foram mais fortes no sudeste da França onde foram chamados de Albigenses (da cidade de Albi). Em toda parte os cataristas foram caçados pela Inquisição que fora organizada principalmente por causa deles e era apoiada pelas forças militares dos Reis e Imperadores, pois o Cristianismo ainda era a religião oficial de quase todas as nações da Europa. Foi desencadeado sob as ordens do papa Inocêncio III, uma terrível guerra de extermínio que durou vinte anos, tendo assolado a França e dizimado a sua população naquela parte. Nessa ocasião, como prova de que, dentro da própria Igreja eram reconhecidos os seus erros, foram criadas as ordens monásticas dos Franciscanos e Dominicanos.
Os Valdenses – Outro movimento de protesto foi o dos Valdenses. Ao fim do século 12 um rico comerciante de Lion chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do Capítulo 10 de Mateus, vendeu tudo o que tinha e começou a repartir o seu dinheiro com os pobres e tornou-se um pregador ambulante do Evangelho. Juntou-se a ele um grande número de seguidores. As autoridades da Igreja logo os excomungaram. Expulsos e considerados inimigos, começaram a se organizar como igreja à parte. Ao fim da Idade Média encontramos os Valdenses completamente organizados e espalhados por toda a Europa Ocidental. Apesar de constantemente caçados pela Inquisição, eram intensamente ativos no ensino do Evangelho e na distribuição de partes manuscritas da Bíblia, na língua do povo.

Os irmãos – Muito semelhantes aos valdenses eram os dissidentes que a si mesmos se chamavam “Irmãos”. Eram pessoas conhecidas pela sua fé cristã, muito simples e por suas vidas cheias de bondade e pureza incomuns. Nada tinham com a Igreja e seu clero. Contudo realizavam os seus cultos na língua comum do povo. Apreciavam a leitura da Bíblia e possuíam muitas cópias de manuscritos com a tradução da Bíblia ou de algumas de suas partes. As sociedades dos Irmãos se espalharam pela Europa correspondendo-se e realizando trabalhos em conjunto. Como os Valdenses mantinham um serviço missionário muito ativo, mas escondido por causa das perseguições da Igreja. A Igreja, porém nada aprendeu com essa generalizada onda de protesto e continuava inalterada. Sua única resposta foram as perseguições e a Inquisição.


Continua no próximo post.