terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Inquisição 01.

A Inquisição - I.

 Estamos iniciando uma série de mensagens para mostrar o que foi a chamada "Santa Inquisição". Não é um trabalho original, mas resultante de pesquisa na Internet. 
Mesmo antes de oficializada a Inquisição, a mesma já se fazia presente em pleno tumulto da Idade Média.   Através da Europa marchavam os chamados “demônios da heresia” arrebanhando adeptos e, segundo a Igreja de Roma, perturbando a ordem. Mas, muitos desses "heréticos" eram simples clérigos e bem-intencionados que desejavam reformar o que considerava excessivo dentro da Igreja, desejavam a volta à piedade humilde de Jesus e seus discípulos, enquanto o Vaticano cercado de uma Pompa Imperial, tamanho poder político e “poder espiritual” gastava energia envolvendo-se em intrigas da corte.
Para os reformistas que consideravam a pompa da igreja dispensável e acreditavam que o Reino de Deus estaria no coração de cada um, a Igreja deu o seu recado: organizou o primeiro grande Tribunal Público Medieval contra a heresia em Orleans em 1022. Os réus? Evidentemente os reformistas que pregavam dizendo aos quatro cantos do mundo que, para encontrar Deus não seria necessário um Templo de Pedras, cheio de ídolos, muito menos a pompa Imperial da Igreja.
Em inúmeros Tribunais Civis e nas temidas cortes da Inquisição, a acusação era sinônimo de condenação e a condenação uma sentença de morte das mais variadas formas; flageladas e mutiladas pelos torturadores, a carne dilacerada e os ossos quebrados, as vítimas confessavam coisas absurdas; os que tivessem sorte seriam decapitados ou mortos de maneira relativamente mais comum antes que seus corpos fossem reduzidos a cinzas em fornos. E os demais, queimados vivos e em fogueira de madeira verde para que a agonia se prolongasse.
Os inquisidores estavam ali enquanto o fogo martirizava a vítima, e incitavam-na, "piedosamente", a aceitar os ensinamentos da "Igreja" em cujo nome ela estava sendo tratada tão "delicadamente" e tão "misericordiosamente". Para que houvesse um contraste com a tortura pelo fogo, também praticavam a da água:
Amarrando as mãos e os pés do prisioneiro com uma corda trançada que lhe penetrava nas carnes e nos tendões, abriam a boca da vítima a força despejando dentro dela água até que chegasse ao ponto de sufocação ou confissão.”
Todas as imaginações bárbaras do espírito de Dante, quando descreveu o Inferno, foram incorporadas em máquinas reais que cauterizavam as carnes, esticavam os corpos e quebravam os ossos de todos aqueles que recusavam crer na "branda misericórdia" dos inquisidores.
Foi uma verdadeira passagem de terror, que durou aproximadamente 300 anos ceifando a vida de milhares de inocentes que não tiveram nem a opção de lutar pela sua própria liberdade de expressão. Esse frenesi de ódio e homicídio alastrou-se como fogo em diversos lugares incendiando a vida civilizada; França, Itália, Alemanha, Espanha, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Áustria, Noruega, Finlândia, Suécia e por um breve período, saltaria o Atlântico inflamando até o Novo Mundo.

Continua no próximo post.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A Era da Reforma Protestante - 04.

A Revolta dentro da Igreja.
A Aurora da Reforma – As condições anteriormente descritas deram origem a duas revoltas que a Igreja não conseguiu evitar, nos séculos 14 e 15.
João Wycliff – O espírito do nacionalismo que vinha se desenvolvendo na Inglaterra preparou o caminho para a obra de Wycliif. A Inglaterra pelos seus reis, pelo seu parlamento, e até pelos seus bispos já resistira à interferência papal nos negócios da igreja inglesa. Wycliif (nascido entre 1320 e 1330), era considerado o homem mais culto e mais destacado da Universidade de Oxford. Além disso ele também era padre em Lutterworth, quando alcançou a extrema simpatia das classes pobres. Sua primeira investida foi contra o suposto direito do papa de cobrar impostos e taxas na Inglaterra. O cisma papal muito contribuiu para espalhar os pontos de vista de Wycliif. Denunciou o papado e toda a organização clerical sustentando que não devia haver distinção de classes entre o clero. Indo além negou que houvera fundamento bíblico para a doutrina da Transubstanciação, adotada, então, pela Igreja.
Por causa dos seus ensinos, Wycliif foi condenado por um Concílio eclesiástico. Diante disso fez o seu grande apelo ao povo inglês. Em muitos tratados escritos em linguagem acessível ao povo comum atacou todo o sistema da Igreja e declarou que a Bíblia é a única e verdadeira regra de fé e prática. Surgiu então o seu maior trabalho, a tradução da Bíblia, da Vulgata (versão em latim) para o inglês. Foi assim que Wycliif e seus auxiliares, os homens mais cultos de Oxford abriram a Bíblia ao povo da Inglaterra pela primeira vez. Para espalhar entre o povo a Bíblia e seus ensinos, ele organizou a ordem dos “sacerdotes pobres” conhecidos como os “Irmãos Lollardos”, muitos dos quais eram estudantes de Oxford. A maioria porém, era constituída de gente simples de sua paróquia. Usando roupas grosseiras, andando muitas vezes descalços e de cajado na mão, dependendo de esmolas para o seu sustento, percorriam toda a Inglaterra. Conduziam manuscritos dos tratados de Wycliif, sermões e trechos bíblicos e pregavam por toda a parte. Esse movimento cresceu de modo extraordinário e se constituíram numa força poderosa na disseminação da religião evangélica.
Embora miseravelmente perseguidos, continuaram sua obra até o tempo da Reforma. Quando seus missionários já enchiam as estradas, chegou ao fim a vida de Wycliif. Era tão forte a sua posição na Inglaterra que as autoridades eclesiásticas nada fizeram contra ele, além de classificá-lo como herege. E assim morreu em paz em sua paróquia.
João Huss – Foram os ensinos de Wycliif que deram origem a uma revolta maior, chefiada por João Huss (1373-1415), contra a Igreja papal. Huss era muito culto e exercia poderosa influência na Universidade de Praga, além de ser padre. Era um grande pregador dessa cidade, onde se tornou o porta-voz nacional dos anseios políticos e religiosos do seu povo. Huss expressou com muito vigor a determinação que o povo tinha de manter os seus direitos contra os alemães e o seu forte protesto no sentido de que o clero imoral e de atitude afrontosa à Boêmia, fosse reformado. Conhecedor profundo de sua gente e por ela respeitado e estimado, em virtude da sua vida de pureza e caráter sincero, possuidor de uma eloqüência incomum, tornou-se um poderoso líder nacional.
De posse dos livros de Wycliif, avidamente bebeu-lhe as idéias. Ensinando as doutrinas de um “herege”, rapidamente entrou em conflito com os chefes da Igreja papal. Defendeu o seu direito de pregar a verdade de Cristo como a sentia e entendia. Foi excomungado pelo seu “desafio” ao papa João XXIII em 1412. Escreveu no seu livro mais importante, que o Novo Testamento, chamado por ele de “Lei de Cristo” era o guia suficiente para a Igreja e que o papa só podia ser obedecido até onde suas ordens coincidissem com essa lei divina. Foi então julgado pela Igreja em Constança. O seu julgamento foi uma farsa e um escárnio. Esse mesmo Concílio também condenou o pároco João Wycliif, morto havia trinta anos, como um herege. Assim o caso Huss foi logo decidido pela Igreja papal. Protestando a sua fidelidade à Cristo e desprezando a liberdade que lhe ofereciam em troca do abandono de seus princípios, foi condenado à morte na fogueira, onde morreu queimado vivo.

A ira e a revolta dos boêmios pelo assassinato do seu líder e herói nacional, não tiveram limites. Levantou-se um grande partido que iniciou a guerra pela independência. Derrotaram o imperador alemão. Devastaram parte da Alemanha e perturbaram grandemente os negócios da Europa em geral. Depois dessa revolta de caráter político, apareceram os “Irmãos Boêmios”, uma poderosa organização religiosa que não pertencia à Igreja, cuja atividade empolgou toda a Boêmia e a Morávia, como também algumas regiões da Alemanha, com o seu “Cristianismo Evangélico”. Em outras partes da Europa, o martírio de Huss fortaleceu o espírito de revolta contra a Igreja papal.