quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A Doutrina de Deus - 09.


Continuação do post anterior.
Os Atributos Naturais de Deus.
Chamamos de teólogos àqueles que se especializam no estudo sobre Deus. Você e eu talvez não sejamos considerados teólogos, mas temos todo o direito de estudar e analisar as doutrinas ou ensinamentos sobre Deus, para que possamos compreendê-lO melhor e amá-lO melhor. É importante considerarmos não somente a Sua natureza, mas também, as Suas características, nessa aventura de procurar conhecê-lo melhor. Os teólogos chamam essas características de atributos. Os atributos simplesmente referem-se àquelas qualidades que são associadas a alguém, descrevendo-o. Os atributos de Deus explicam por que Ele age como faz, e assim sabemos o que podemos esperar da parte dEle. Os seus atributos incluem a onipotência, a onipresença, a onisciência e a sabedoria. Em primeiro lugar consideremos a onipotência divina.
1. A onipotência divina. A esposa de Abraão, Sara, já havia viajado muito em sua vida. Ela tinha visto Yahweh fazer coisas grandes e maravilhosas em favor de seu marido e em seu próprio favor. Como noiva ela poderia ter ganhado um concurso de beleza; mas agora, a encarquilhada e idosa senhora estava vergada de preocupações. Ela riu quando viu o celeste visitante dizer que em breve, estaria grávida pela primeira vez. Impossível! Você acusaria a atitude de Sara? Contudo, o visitante celestial perguntou: “Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?” (Gn 18.1-15).
O Senhor estava lembrando Abraão e Sara acerca de Sua onipotência – o fato de que Ele é Todo-Poderoso. Deus pode fazer qualquer coisa! Esse poder absoluto transparece das Escrituras em relação ao seguinte:
1. A Criação (Gn 1.1).
2. A sustentação de todas as coisas por Sua poderosa palavra (Hb 1.3).
3. A redenção do povo (Lc 1.35,37).
4. Os milagres (Lc 9.43).
5. A salvação dos pecadores (1 Co 2.5; 2 Co 7.4)
6. O cumprimento de Seus propósitos quanto ao Seu reino (1 Pe 1.5).
Temos de relembrar, entretanto, que Deus não pode e nem quer fazer coisas absurdas (ridículas ou irracionais), não faz também coisas incoerentes com a Sua própria natureza.
Uma realidade perfeitamente coerente com a natureza divina é o fato dEle poder limitar as operações de Seu poder, se assim desejar fazê-lo. Para exemplificar: Deus dá a cada indivíduo a liberdade de escolher entre Ele e satanás. Deus não força pessoa alguma a ser salva, contra a sua própria vontade. Ele limita-se, permitindo que cada indivíduo tome a sua própria decisão.
Jeremias 32.17 diz acerca do Senhor: “Ah! Senhor Jeová! Eis que tu fizestes os céus e a terra com o teu grande poder e com o Teu braço estendido; não te é maravilhosa coisa alguma...” Mais adiante, o Senhor perguntou a Jeremias: “...seria alguma coisa maravilhosa para mim?” (Jr 32.27). Se compreendemos o imenso poder do nosso Deus, então nunca deveremos hesitar novamente em pedir a Sua ajuda em qualquer circunstância que tivermos de enfrentar,
2. A onipresença de Deus. Certo menino queria fazer algo de ruim, mas resolveu que seria melhor fazer a sua travessura debaixo de um telhado, a fim de que Deus, olhando lá do céu, não pudesse vê-lo. Qual característica divina aquele menino não compreendia? O fato que Deus é onipresente – Deus está presente, em todos os lugares, em todos os instantes. O salmista refere-se a isso no Salmo 139.7-10, que diz: “Aonde posso ir a fim de escapar do teu Espírito? Para onde posso fugir da tua presença? Se eu subir ao céu, tu lá estás; se descer ao mundo dos mortos, lá estás também. Se eu voar para o Oriente ou for viver nos lugares mais distantes do Ocidente, ainda ali a tua mão me guia, ainda ali tu me ajudas” - NTLH.
A onipresença de Deus não significa, entretanto, que Deus tenha o mesmo tipo de relacionamento com todas as pessoas. Ele haverá de revelar a Si mesmo, abençoar e encorajar aqueles que O amam e servem, mas haverá de repreender e castigar aqueles que se opõem a Ele. Deus também está no temporal, mas não da mesma maneira em que está com dois de seus filhos que sinceramente oraram pedindo Sua orientação. Veja Naum 1.3: “O SENHOR é paciente, mas poderoso e não deixa os culpados sem castigo. Ele anda pelo meio de tempestades e de ventos violentos; as nuvens são o pó que os seus pés levantam”.- NTLH; e Mateus 18.20: “Porque, onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles”.- NTLH.
O conhecimento de que Deus está sempre presente, pode ajudar-nos e encorajar-nos nas tribulações, porquanto sabemos que Deus está ali para fortalecer-nos e guiar-nos. Entretanto, a sua presença serve também para lembrar-nos de sermos muito cuidadosos quanto à maneira como vivemos, porquanto Deus vê tudo quanto fazemos de bom ou de ruim. Temos a responsabilidade de servir a Deus de maneira aceitável, em todos os lugares e em todos os momentos, porquanto Ele está ali.
Também deveríamos lembrar que não podemos usar os nossos próprios sentimentos como uma medida de presença de Deus conosco. Sem importar como nos sentimos, Deus está conosco. Suponhamos que uma menininha começasse a chorar no escuro e que sua mãe lhe garantisse que estava com ela. Talvez a menina pensasse que precisaria ver sua mãe, para saber que ela estava perto. Mas sem importar se ela poderia ver sua mãe ou não, isso em nada alteraria o fato da presença dela. Assim também acontece conosco. Sem importar se podemos sentir ou não a presença de Deus conosco, a Bíblia ensina-nos que Deus está em toda parte. Ter conhecimento desse fato é bastante para mantermos uma atitude de louvor, para encorajar-nos o tempo todo.
Continua no próximo post.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A Doutrina de Deus - 08.


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Deus é imutável (Ele não muda)
Todos nós temos faltas que precisam ser modificadas ou corrigidas; mas isso não acontece com Deus. Ele é perfeito. Ele não precisa complementar os Seus atributos e o Seu caráter. Ele é perfeito em todos os sentidos. Veja em Salmos 102.25-27: “Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e serão mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.” - RA.
Veja também em Isaías 46:9-10: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade;” - RA.
Malaquias 3.6 indica que visto ser Deus imutável, Ele terá misericórdia dos descendentes de Jacó, de tal modo que eles não sejam consumidos. Veja também em Salmos 103.17: “Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos,” - RA.
As Escrituras que aludem à imutabilidade de Deus ou a sua natureza que não muda, ensinam-nos certos princípios sobre o Deus a quem servimos. O Dr. Thiessen apresenta no seu livro, Systematic Theology, 1979, pág. 83, esses princípios que nós alistamos a seguir para que possamos ver mais claramente:
  1. Visto que Deus é infinito, auto-existente e independente, Ele está acima de todas as causas e possibilidades de mudanças.
  2. Não pode aumentar e nem diminuir e também não é sujeito a qualquer outro desenvolvimento.
  3. O poder de Deus nunca pode tornar-se maior ou menor, como também Ele não pode tornar-se mais sábio ou mais santo.
  4. Deus não pode ser mais justo, mais misericordioso e mais amoroso do que sempre foi e sempre será.
  5. Deus não pode mudar Seu relacionamento com as pessoas. Ele opera segundo princípios eternos que não variam com a passagem dos dias.
Visto que Deus é imutável, podemos entregar-nos completamente a Ele, dependendo de Sua Palavra. Podemos enfrentar todas as situações da vida com plena confiança, sabendo que, em todas as coisas, Ele opera para o nosso bem. Veja Romanos 8.28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” - RA.
Provavelmente você tem observado trechos bíblicos como Números 23.19 e 1 Samuel 15.29 que dizem que Deus não muda o Seu parecer (Veja 1 Samuel 15.29: “Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa.” - RA), enquanto que outras passagens bíblicas dizem que Ele lamentou ou entristeceu-se porque fizera certa coisa.
Veja em 1 Samuel 15.11: “Arrependo-me de haver constituído Saul rei, porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras. Então, Samuel se contristou e toda a noite clamou ao SENHOR.” – RA. Essa atitude de Deus não se refere a alteração fundamental em Seu caráter ou em Seus propósitos. Deus sempre odeia o pecado e Ele sempre ama ao pecador. Essa atitude é verdadeira tanto antes, quanto depois que alguém se arrepende. No entanto, Deus pode mudar o seu relacionamento com alguém, porque esse alguém mudou de atitude para com Ele.
Como exemplo disso, vemos que a atitude de Deus para com o pecado de Israel não mudou. Deus odiava o pecado daquela nação. Visto que o povo de Deus insistia em continuar no pecado, mui naturalmente eles tiveram de sofrer as penalidades impostas contra o pecado. Todavia, quando os filhos de Israel se arrependeram e abandonaram os seus pecados, o resultado foi que Deus mudou a maneira de tratar com eles.
Alguém já disse que o sol não exibe qualquer parcialidade ou mudança, quando amolece a cera e endurece o barro; pois a mudança não se dá no sol, mas no material aquecido pelo Sol. Podemos depender da imutabilidade ou ausência de mudança dos propósitos de Deus, de Sua Palavra e de Sua natureza. Assim como o sol amolece a cera e endurece o barro, assim também a imutabilidade de Deus opera, somente visando o bem daqueles cujos corações abrandam-se, correspondendo favoravelmente a Ele, embora também opere visando a destruição daqueles cujos corações endurecem-se e não correspondem favoravelmente a Ele.
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sábado, 5 de novembro de 2016

A Doutrina de Deus - 07.


Continuação do post anterior.
Muitas pessoas interessam-se em descobrir de onde vieram os seus antepassados. O que você me diria se eu dissesse que você não tem antepassados? Você não aceitaria como verdadeira uma informação assim, e estaria com toda a razão. Nós temos antepassados, como todas as pessoas têm.
Afirmamos que todas as pessoas têm antepassadas, mas não podemos incluir Deus nessa afirmativa. Deus não tem antepassados. Nesse caso, como Ele começou a existir? Esta pergunta tem uma resposta muito simples. Deus nunca começou. Ele sempre existiu desde toda a eternidade. Por esta razão é que dizemos que Deus é eterno.
1. O que é eternidade? Para nós, é difícil imaginar o futuro desconhecido; mas podemos pensar no passado até onde as nossas mentes são capazes de retroceder, na tentativa de imaginarmos a eternidade. Dizemos que o livro de Gênesis é o livro dos começos. Ali estudamos acerca do começo da Criação, acerca do homem e do começo das nações. Entretanto, esses distantes começos ainda não formam o princípio.
Podemos retroceder ainda mais, até o tempo em que os anjos foram criados – aqueles filhos de Deus celestiais, singulares que bradaram de alegria por ocasião do lançamento dos fundamentos da terra – antes do alvorecer da história (veja Jó 38.4-7: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” – RA).
Mas este também não foi o princípio. Em nossas mentes podemos pensar na eternidade como algo infinito, quando o tempo ainda não existia, quando a criação estava presente somente nos pensamentos de Deus. Neste mundo, nossas mentes finitas (limitadas) não conseguem entender a idéia sobre algo infinito, quando o tempo sem limites ainda não havia começado. O fato é que a eternidade é a infinitude de Deus em relação ao tempo.
2. Quem habita na eternidade? Os homens e os anjos são seres criados, mas somente Deus não teve começo. Assim Ele é o único que habita na eternidade. O homem tem um presente, um passado e um futuro; mas Deus habita somente no presente. Para Deus tanto o passado como o futuro são a mesma coisa que o agora.
Deus é eterno de duas maneiras: 1) Deus nunca começou a existir. Ele sempre existiu (veja Sl 90.2: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” - RA). 2) A existência de Deus nunca terminará (veja Dt 32.40: “ Levanto a mão aos céus e afirmo por minha vida eterna:” - RA; Sl 102.27: “Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.” - RA). Sendo eterno, Deus está fora de toda a progressão do tempo. Para Ele o tempo não passa.
3. Como podemos compreender o conceito da eternidade de Deus? À parte das Escrituras podemos concluir que Deus sempre existiu, por causa da lógica da idéia. Qualquer pessoa sabe que as coisas não se originam do nada. Um vácuo não é capaz de produzir alguma coisa. Portanto, se no começo do universo nada existia e se tudo não passava de um vácuo, então tudo teria permanecido da mesma maneira. Porém, visto que observamos um vastíssimo universo ao nosso redor, somos forçados, mediante a lógica, a aceitar a conclusão que algo, no passado, nunca teve começo – sempre existiu. Essa alguma coisa é Deus.
A eternidade de Deus é revelada por meio das Escrituras. Deus é chamado de Deus eterno (veja Gn 21.33: “Plantou Abraão tamargueiras em Berseba e invocou ali o nome do SENHOR, Deus Eterno.” – RA. Salmo 90.2: “ Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” – RA. E também: Salmo 102.27: “Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.” – RA. As inspiradas palavras de Isaías declaram que Deus é aquele que “habita a eternidade” (veja Is 57.15: “ Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.”), ao passo que Paulo afirmou para Timóteo, que somente Deus é a fonte da imortalidade (1Tm 6.16).

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A Doutrina de Deus - 06.


Continuação do post anterior.
Em alguns trechos bíblicos, todas as três Pessoas da Deidade são mencionadas. Por ocasião do batismo do Filho, o Pai falou do céu e o Espírito Santo desceu sob a forma de pomba. Veja em Mateus 3.16,17: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre Ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” - RA. Por ocasião da Grande Comissão, Jesus referiu a três Pessoas. Veja em Mateus 28.19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” - RA. As três Pessoas também aparecem, uma ao lado da outra, nas passagens seguintes: 1 Coríntios 12.4-6: “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” - RA; 2 Coríntios 13.14: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” - RA; e 1 Pedro 1.2: ” eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.” - RA. Se partirmos desses exemplos, extraídos das Escrituras, poderemos obter boa abundância de provas bíblicas em prol da doutrina da Trindade.
Então, quais são as dificuldades existentes nessa doutrina?
Por que o ensino da Trindade é tão difícil de entender? É que na experiência humana nada existe que possa ser comparado com a ideia de trindade na unidade e de unidade na Trindade. Sabemos que não existem três pessoas humanas que sejam estruturalmente uma só pessoa. Também não existem três pessoas que tenham completo conhecimento daquilo que os outros estejam fazendo e pensando. Cada pessoa cerca-se com uma barreira de privacidade. Nenhum ser humano tem essa distinção de ser três em um, conforme se afirma acerca de Deus. As pessoas simplesmente não podem compreender o ensino concernente à Trindade, com base em seu conhecimento e experiência humana.
Como podemos resolver essas dificuldades? O problema básico na tentativa de explicar a Trindade jaz na relação das pessoas da Deidade para com a Essência Divina e de uma para com a outra. Esse é um problema que a Igreja não é capaz de remover. A Igreja pode somente tentar reduzir o problema mediante uma apropriada definição de termos. Embora a Igreja não tenha tentado explicar o ministério da Trindade, tem tentado formular uma doutrina bíblica sobre esse ministério, principalmente para desencorajar erros que têm ameaçado a própria vida da Igreja. Comparando as Escrituras, podemos perceber a doutrina da Trindade até onde Deus a tem revelado em Sua Palavra, mesmo que não a possamos compreender plenamente.
Em nossa existência finita (limitada), jamais poderíamos compreender plenamente o que é infinito (aquilo que não tem limite). Paulo descreve essa limitação do homem em sua primeira epístola aos Coríntios. Veja 1 Coríntios 13.12: “Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.” - RA.
A Bíblia ensina que na essência divina existem três pessoas. Cada uma das três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo - têm propriedades distintas, descritas por títulos, pronomes, qualidades e atividades que se aplicam a pessoas distintas. O Antigo Testamento nunca se refere a alguma pluralidade de pessoas na Deidade – ali se fala somente sobre Deus Yahweh. O Novo Testamento revela mais claramente a Trindade do que o Antigo Testamento. O Novo Testamento confere-nos base bíblica suficiente para formularmos a doutrina da Trindade. O principal problema que nos impede de entender a tri-personalidade de Deus é que nada existe, na experiência humana, que se possa comparar com essa distinção do Ser divino de existir três em um.
Um cuidadoso estudo da Palavra de Deus revela muito sobre a tri-personalidade de Deus. O estudo dessa doutrina, acompanhado de oração, capacita-nos a entender melhor a auto revelação de Deus, mesmo que essa revelação seja apenas parcial. E isso também ajuda-nos a apreciar mais plenamente a natureza de Deus e os meios que Ele nos têm provido para nos aproximarmos dEle em amor, adoração e dedicação ao servi-lO.

Continua no próximo post,

sábado, 10 de setembro de 2016

A Doutrina de Deus - 05.


Continuação do post anterior.

Apesar da palavra Trindade não ser encontrada em parte alguma da Bíblia, a doutrina da Trindade é revelada tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Examinemos algumas das evidências que achamos nas Escrituras:
O Antigo Testamento foi escrito na língua hebraica. Em hebraico um dos nomes dados a Deus, Elohim, está no plural. Por exemplo, em Gênesis 1.26: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” Esse versículo frisa distinções pessoais existentes em Deus, a pluralidade de pessoas na deidade. Encontramos indicações ainda mais claras sobre distinções pessoais, nas Escrituras do Antigo Testamento, quando há alusão ao Anjo do Senhor. Em algumas ocasiões o Anjo do Senhor pode referir-se a um ser criado, enviado como mensageiro de Deus; mas, em outros casos, Ele é o próprio Filho de Deus (Veja Gênesis 16.7-13; !8.1-21; 19.1-28). Como tal, esse Anjo deve ser identificado como o próprio Jeová, mas por outro lado, Ele é visto como Alguém separado ou diferente de Jeová.
Algumas vezes, no Antigo Testamento, mais de uma Pessoa é mencionada (Ver Salmo 45.6,7: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros.” - RA. Compare com Hebreus 1.8,9). Noutras oportunidades, Deus aparece claramente com Aquele que fala, mencionando tanto o Messias (o Filho), e também o Espírito Santo. Veja Isaías 48.16: “Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá. Agora, o SENHOR Deus me enviou a mim e o seu Espírito.” - RA; Isaías 61.1: “ O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;” - RA; e Isaías 63.8-10: “ Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador. Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.” - RA.
O Novo Testamento oferece uma clara revelação de Deus ao enviar o Filho ao mundo. Veja João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” – RA. Gálatas 4.4: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,” - RA; e 1 João 4.9: “ Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele.” - RA.
Também é ali revelado que tanto o Pai quanto o Filho enviariam o Espírito Santo. Veja João 14.26: “mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” - RA; João 15.26: “ Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim;” - RA; e João 16.7: “ Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.” - RA.
No Novo Testamento também podemos observar que o Pai fala ao Filho. Veja Marcos 1.11: “Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.” - RA; e Lucas 3.22: “ e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.” - RA. O Filho comunga com o Pai. Veja Mateus 11.25,26: “Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” - RA. João 11.41: “Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste.” - RA; João 12.27,28: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora.  Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei.” - RA.
E o Espírito Santo ora a Deus no coração dos crentes. Veja Romanos 8.26,27: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.  E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.” - RA. No Novo Testamento, portanto, são claramente expostas diante de nós as pessoas da Trindade, distintas umas das outras.

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sábado, 13 de agosto de 2016

A Doutrina de Deus ´04.


Continuação do post anterior.
A Simplicidade de Deus.
Em adição à singularidade, à unidade numérica, a unidade de Deus refere-se à unidade interna do Ser Divino. Com freqüência, esse aspecto da unidade tem o nome de simplicidade. Por simplicidade entendemos o estado de ser isento de divisão em partes. Deus é espírito, e, como tal, não pode ser dividido. Em contraste o ser humano é um ser composto: o homem tem uma porção material (o corpo) e uma porção imaterial (o espírito).
Tudo quanto diz respeito a Deus é perfeito. Em outras palavras, todas as características de Deus compõem as Suas perfeições. O conceito de unidade interior ou simplicidade deriva-se de outras perfeições de Deus. Para exemplificar, a existência de Deus não depende de algo fora dEle mesmo. Ele é auto-existente, o que significa que a existência eterna faz parte de Sua própria natureza. Assim, a Sua auto-existência exclui a idéia de que algo antecedeu a Deus, como se dá no caso dos seres compostos como o homem. A simplicidade de Deus, pois, deixa subentendido que as três Pessoas da deidade não são apenas um certo números de partes que se completam, formando a essência divina. Também fica excluída a possibilidade de separar as perfeições de Deus de Sua essência, ou de adicionar as Suas características à Sua essência. A essência de Deus e as Suas perfeições são uma só e a mesma coisa. Assim, as Escrituras referem-se a Deus como luz e vida, como justiça e amor; e, dessa maneira, identificam-nO com as Suas perfeições. Em outras palavras, não podemos dizer que Deus tem justiça, mas dizemos que Deus é justiça. Ele é a perfeição!
Deus é Triuno.
Já vimos que Deus é espírito, que Ele é pessoal e que Ele é uno. Agora consideraremos um quarto aspecto de Sua natureza: o aspecto da Trindade. Deus é triuno. Isso poderá parecer confuso a você. Como é que Deus pode ser, ao mesmo tempo, uno e triuno? As palavras triuno e trindade contêm os conceitos de unidade ou de três (tri)e de unidade de ser, isto é, três em um. Quando abordamos esse importante assunto, reconhecemos que essa verdade só pode ser conhecida através da revelação. Assim passaremos a examinar aquilo que Deus revelou nas Escrituras, como a base do nosso estudo, mediante as perguntas abaixo, acerca da Trindade.
1. No que consiste a Trindade? Conforme já vimos, só existe uma essência do Ser divino. Porém, esse único Ser divino é tri-pessoal, ou seja, é uma Trindade. Nele há três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Os estudiosos que têm procurado descrever com exatidão essas distinções na deidade utilizam-se de diferentes termos. A variedade de termos que eles empregam sugerem quão difícil é descrever a Trindade. Já tivemos ocasião de definir a palavra pessoa. Uma pessoa é alguém que sabe, sente e resolve.
A experiência ensina-nos que onde existe alguma pessoa, ali existe uma essência distinta. Assim cada indivíduo é um indivíduo distinto e separado que expressa, em si mesmo, a natureza humana. Entretanto, no Deus Triuno não existem três indivíduos separados, existentes lado a lado e distintos uns dos outros. Antes, há somente aquilo que poderíamos designar de auto-distinções dentro da Essência Divina.
2. Quem são essas Pessoas? Conforme já observamos, existem três pessoas ou subsistências na Essência Divina; o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada uma dessas pessoas é conhecida por ter diferentes propriedades (qualidades ou tendências pertencentes a algum indivíduo, que lhe são especialmente peculiares). Nas Escrituras, essas propriedades fazem-se conhecidas por títulos, pronomes, qualidades e atividades que são próprias das pessoas inteligentes, capazes de raciocinar e distintas. Essas propriedades pessoais distinguem cada uma dessas Pessoas (elas são auto-distinção) e exprimem a relação que cada uma delas mantém com as demais. Além disso, cada uma dessas Pessoas exprime em si mesma, a Essência Divina.

Logo, há três pessoas na deidade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Elas são todas de uma mesma substância; elas são iguais em glória, poder, majestade e eternidade; e são uma só.
Continua no próximo post.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

A Doutrina de Deus - 03.


Continuação do post anterior.
Continuação de Deus é espírito.
Talvez você esteja pensando: ”Se Deus é imaterial, por que razão, então, a Bíblia fala sobre as mãos, os pés, os ouvidos, a boca, o nariz ou a face de Deus? Por que existem passagens bíblicas que falam como se Deus estivesse fazendo alguma coisa que um ser humano também faria?” Para exemplificar, o Salmo 98.1 refere-se a “sua mão direita e seu braço santo”; o Salmo 99.5 fala de alguém a adorá-lo “diante do estrado de seus pés”; e Salmo 91.4 refere-se a “suas penas” e “suas asas”.
Visto que é muito difícil para nós realmente compreendermos a essência divina, Ele impulsionou os escritores sagrados a usarem objetos que nos são familiares, aplicando algumas características dos mesmos a Deus. Dessa forma, obtemos alguma compreensão do desconhecido através do que é conhecido. Quando esse tipo de linguagem é empregado, chamamo-lo de linguagem figurada. Nesse caso a idéia não deve ser entendida literalmente, como se fora um fato, mas apenas como símbolo que representa algum conceito.
Quando lemos nas Escrituras que Deus é espírito, compreendemos que; 1. Ele não tem um corpo físico; 2. Deus não tem corpo em forma física, mas é perfeitamente capaz de revelar-se através de alguma forma física; e 3. As referências bíblicas que mostram Deus fazendo algo que os homens também fariam, usam uma linguagem figurada.
Deus é Uno.
Quando dizemos que Deus é uno, referimo-nos a três conceitos: 1. A unidade numérica de Deus; 2. A singularidade de Deus; e 3. A simplicidade de Deus.
A unidade numérica de Deus.
Quando falamos sobre a unidade de Deus, referimos-nos ao fato que, numericamente, Ele é um único Ser. Visto que só existe um Ser divino, todos os demais seres existem por meio dEle, dEle e para Ele. Paulo ensina em 1 Coríntios 8.6: “... todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele”. A segunda parte desse versículo talvez pareça contradizer o conceito que diz que Deus, numericamente, é um só. Isso será explicado mais adiante, quando estivermos falando sobre a Trindade.
Salomão refere-se a unidade numérica de Deus em 1 Reis 8.60 quando diz: “... para que todos os povos da terra saibam que o Senhor é Deus, e que não há outro”. Cercado por todos os lados por nações que ofereciam uma grande variedade de divindades a serem escolhidas, algumas vezes o povo de Israel achou difícil guardar a idéia que o Ser divino é uno. Com freqüência e correndo grande risco pessoal, os profetas clamaram ao povo, para lembrarem que Jeová é um único Deus (Deuteronômio 4.35-39).
A crença de que existem muitos deuses faz parte da sociedade em que você vive? Você conhece algum ensinamento acerca desses supostos deuses e do seu relacionamento com as pessoas? Observamos que, em alguns países, as pessoas adoram a muitos deuses, ou então àquilo que eles consideram deuses. Algumas vezes parecem existir deuses na cultura de cada grupo racial e em cada setor de suas vidas, de tal maneira que há grande pluralidade de deuses. Porém, a Bíblia ensina a singularidade de Deus; só pode existir um Deus.
A Singularidade de Deus.
Outros versículos da Bíblia, como o de Deuteronômio 6.4, referem-se a singularidade de Deus: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. A palavra aqui traduzida por único, no hebraico significa uma unidade. Um cacho de uvas é uma unidade com muitas uvas, pois é um só cacho. Assim, somente Jeová é o verdadeiro Deus, digno de ser chamado Jeová. Essa é a mensagem de Zacarias 14.9: “... naquele dia um só será o Senhor, e um será o seu nome”. Essa mesma idéia é expressa com grande clareza em Êxodo 15.11: “Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em louvores, obrando maravilhas?” Naturalmente, a resposta é que não existe outro Deus que se compare com Ele. Ele é Deus único.
Esses versículos certamente rejeitam a possibilidade de que Deus seja apenas um dentre muitos deuses. Ele é o soberano que governa o universo; e, além dEle, não existe outro Deus. Por todo o registro do Antigo Testamento, Deus relembra Seu povo de que Ele é o único Deus.
Uma definição muito usada de Deus começa dizendo algo como: “Deus é um espírito eterno, que criou os céus e a terra”. Sem importar que substantivo se use para definir a Deus, quase sempre há um artigo indefinido diante do mesmo: “Deus é um espírito...” Isso dá a idéia de que podem existir outros espíritos de igual importância. Mas, vejamos quão diferente torna-se a definição quando é usado o artigo definido, em lugar do indefinido: “Deus é o espírito eterno que criou os céus e a terra”. Esta é a definição correta, porquanto nenhuma outra pessoas ou ser, pode ajustar-se dentro dessa categoria. Deus é o único Deus.

Continua no próximo post.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Doutrina de Deus - 02.



Deus é Espírito.
Em que você pensa, quando fecha os olhos e procura imaginar como é Deus? Se em sua mente forma-se uma espécie de imagem, então a sua maneira de pensar não corresponde inteiramente àquilo que as Escrituras ensinam. Deus não tem forma alguma, porque Ele é Espírito. Veja João 4.24: “Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade - NTLH. E um espírito é invisível. Veja João 1.18: “Ninguém nunca viu Deus...”
Para entendermos bem essa declaração, teremos de considerar o que é um espírito. O que está envolvido na espiritualidade, ou seja, na qualidade de ser espírito? Esse não é um conceito fácil de explicar. Segundo já dissemos, a Bíblia oferece-nos um desvendamento parcial da natureza de Deus. Quando nos esforçamos para descrever a natureza espiritual de Deus, talvez empreguemos termos que lhe são desconhecidos. Faremos um esforço de definir cada um desses vocábulos a maneira que eles forem surgindo.
Nossa pesquisa nas Escrituras revela-nos, antes de tudo, que Deus é dotado de um Ser singular, cuja substância é distinta de tudo quanto existe no mundo. Veja os versículos: Efésios 4.6: “E há somente um Deus e Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e está em todos.” – NTLH; Colossences 1.15-17: “Ele, o primeiro Filho, é a revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas criadas. Pois, por meio dele, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos e as autoridades. Por meio dele e para Ele, Deus criou todo o Universo. Antes de tudo, ele já existia, e, por estarem unidas com Ele, todas as coisas são conservadas em ordem e harmonia”.
Ser singular significa não haver outro igual. A substância aponta para a natureza essencial. Os termos substância e essência são muito parecidos, quando usados a respeito de Deus. Refere-se a todas as qualidades ou atributos que compõem a natureza de Deus e que são a base de todas as Suas manifestações externas.
Esse ser substancial que é Deus é invisível, imaterial e não se compõe de partes. Deus tem substância, mas Ele não é uma substância material, ou seja, Ele não se compõe de matéria, conforme acontece conosco. Antes, Deus é uma substância espiritual. Veja Lucas 24.39: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” - RA.
Visto que Deus é espírito, no sentido mais puro da palavra, também não tem aquelas limitações que nos ocorrem à mente, quando pensamos em algum ser humano. Deus não tem quaisquer das propriedades ou características que pertencem à matéria. Paulo descreve Deus como: “Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus—a ele sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre! Amém!” (1 Timóteo 1.17 NTLH), e também como “ Quando chegar o tempo certo, Deus fará com que isso aconteça, o mesmo Deus que é o bendito e único Rei, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, o único que é imortal. Ele vive na luz, e ninguém pode chegar perto dela. Ninguém nunca o viu, nem poderá ver. A Ele pertence a honra e o poder eterno! Amém!” (1 Timóteo 6:15-16 NTLH).
Ora, se Deus realmente é um espírito invisível, então como podemos entender as instâncias existentes na Bíblia, como aquela descrita em Êxodo 33.19-23, onde somos informados que Moisés viu a Deus? Na verdade, não temos ali qualquer contradição com o fato que Deus é invisível e imaterial. Em algumas dessas ocasiões homens viram os reflexos da gloria de Deus, mas não viram a Sua essência propriamente dita. Outras ocasiões revelam que um espírito pode manifestar-se sob formas visíveis. Deus é perfeitamente capaz de revelar-se por intermédio de alguma manifestação física. Isso aconteceu, por exemplo, quando o Espírito Santo pairou sobre Jesus como uma pomba, quando Ele acabara de ser batizado nas águas. Veja João 1.32-34: “João continuou: - Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e parar sobre ele. Eu não sabia quem ele era, mas Deus, que me mandou batizar com água, me disse: “Você vai ver o Espírito descer e parar sobre um homem. Esse é quem batiza com o Espírito Santo.” E eu vi isso e por esse motivo tenho declarado que ele é o Filho de Deus.” - NTLH.

Quando João Batista viu esse sinal visível, ficou persuadido de que Jesus era, realmente, o Filho de Deus. Desse modo, o Espírito invisível de Deus revelou-se na forma de uma ave, a fim de que João Batista pudesse saber, com certeza, a identidade dAquele (Jesus) que batizava com o Espírito Santo. No exemplo de Êxodo 33, Moisés também precisava ter absoluta certeza de que Deus é quem lhe estava dando a tarefa de ser líder. E por esse motivo, Deus lhe conferiu um sinal físico.

segunda-feira, 21 de março de 2016

A Doutrina de Deus - 01.


Sua natureza e Suas características naturais.
À antiga indagação: “Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó 11:7 RA), podemos responder com um “Não!” O grande problema que enfrentamos em nossos esforços de compreender a Deus, é que o homem finito não pode compreender o Ser Infinito!
Exceto a revelação que temos sobre a natureza e os atributos ou características de Deus, não dispomos de meios para conhecer o Ser de Deus. Somente aquilo que Ele mesmo revelou acerca de Sua natureza e de Seus atributos nos confere algum conhecimento sobre o Seu Ser divino. Portanto, aquilo que Ele revelou sobre Si mesmo é apenas um desvendamento parcial, embora exato, do Seu Ser.
Também podemos conhecer a Deus quando Ele entra em relacionamento pessoal conosco. Obtemos conhecimentos sobre Ele, ao estudarmos sobre Sua natureza e características, porquanto estas revelam aspectos diversos do Seu Ser. A fim de obtermos um conhecimento completamente fidedigno da natureza e das características divinas, precisamos começar estudando a revelação de Deus sobre Si mesmo nas Sagradas Escrituras. Apesar de podermos obter um certo conhecimento geral de Deus, quando contemplamos as Suas obras na natureza, precisamos voltar-nos para a Palavra escrita, se quisermos receber entendimento sobre a Sua natureza e as Suas características.
Enquanto estivermos estudando sobre o nosso Criador, você poderá apreciar mais plenamente que foi o interesse Dele por você que O levou à progressiva auto-revelação através dos séculos. Essa auto-revelação atingiu seu ponto culminante quando Ele, finalmente, falou pelo Seu Filho (Veja Hebreus 1.2: “nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” - RA).
A natureza de Deus.
À medida que os cientistas foram estudando a composição do sangue humano, foram descobrindo que o mesmo se compõe de diferentes sustâncias e de minúsculas partículas que têm diversas funções na manutenção da vida biológica. Esse líquido tão complexo é bombeado através de uma intrincada rede de condutos, noite e dia, por meio de uma máquina muito resistente, o coração, que repousa após cada movimento completo. O sangue é a corrente vital do corpo humano. Leva oxigênio e nutrientes a todas as partes do organismo, combate os germes que, porventura, invadam o corpo e ajuda o corpo a livrar-se de seus resíduos inúteis. Portanto, torna-se necessária a coordenação dos pulmões, dos rins, dos intestinos e de outros órgãos, em adição ao coração.
Esse é apenas um dos muitos exemplos de sistemas biológicos altamente organizados, que possibilitam a vida. Não há por que duvidar que foi preciso um Ser de grande poder e inteligência para produzir essas maravilhas. O que sabemos a respeito desse Ser? Consideremos alguns fatos que sabemos sobre Deus o nosso Criador.
Deus é um Ser pessoal.
Quais são as partes essenciais do corpo de uma pessoa? Os braços? A voz? Os olhos? Se um indivíduo vier a perder algum desses membros, ainda assim continuará sendo uma pessoa. Podemos concordar que uma pessoa é algo que não se restringe ao corpo. Uma pessoa é alguém dotado da capacidade de pensar, de sentir e de tomar resoluções. Embora Deus não tenha um corpo físico, certamente têm inteligência e também a capacidade de sentir, de pensar e de raciocinar. A Bíblia nos revela que Ele se comunica com outros seres (Veja Salmo 25.14: “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.” - RA) e que é afetado pelas reações deles a Ele (Veja Isaías 1.14: “ As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.” - RA). Deus pensa (Veja Isaías 55.8: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR,” - RA) e toma decisões (Veja Gênesis 2.18: “ Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” - RA). Todas essas são características de um ser pessoal. Logo Deus é um Ser pessoal.
Podemos aprender certos detalhes acerca da personalidade de Deus, quando consideramos a personalidade do homem, visto que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Naturalmente, essa abordagem tem limitações, pois não devemos imaginar que a personalidade humana seja o padrão pelo qual devemos medir a personalidade de Deus. Isso porque o modelo original da personalidade encontra-se em Deus, e não no homem. A personalidade humana é apenas uma cópia do original, isto é, a humana não é idêntica a de Deus. Assim, aquilo que aparece na personalidade humana com imperfeições, existe de modo perfeito na pessoa de Deus.
Se você tivesse um conhecido que nunca permitisse saber como ele se sente, nunca compartilhasse de seus pensamentos e nunca demonstrasse qualquer interesse consigo, você poderia dizer que ele é impessoal. Em outras palavras ele não expressaria para você as características próprias de uma personalidade. Deus, porém, não age assim. Ele está interessado em você. Ele tem sentimentos acerca das pessoas e Ele comunga ou tem companheirismo para com elas. Outrossim, Deus toma decisões acerca das pessoas.
Muitas pessoas acreditam que o Ser supremo, que criou esse mundo, distanciou-se das questões humanas. Elas acreditam que os espíritos dos antepassados ou da natureza têm muito mais a ver diariamente com as pessoas do que Deus. Naturalmente isto constitui um equivoco – Deus interessa-se pelas questões humanas e relaciona-se conosco de maneira pessoal.

Continua no próximo post.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A Inquisição 05.


Continuação do post anterior.
Na Provença, a inquisição varreu os Cátaros  da face da terra. Os cátaros abraçavam um extremo ascetismo e espalharam sua doutrina por boa parte do continente durante os séculos XII e XIII, eles acreditavam que o mundo físico estava impregnado pelo mal e tinha Satã como seu rei. De acordo com essa lógica, a Igreja Católica era também um instrumento do demônio e abomináveis eram todos os seus sacramentos. Muitos nobres abraçaram a sua fé, arrebanharam um número enorme de seguidores no sul da França, seus adeptos tornaram-se conhecidos como Albigenses (Albi – Provença). A sua importância crescente tornou-se um insulto intolerável para o poderio da Igreja Católica, então a igreja decidiu apelar para a força.
E logo estendeu seu braço para outras partes da França, depois da Itália e da Alemanha. Na Espanha foi estabelecida sua própria inquisição, utilizando os mesmo métodos brutais para perseguir mouros, judeus, heréticos e qualquer grupo suspeito de prática de feitiçaria.
Assim teve início a verdadeira “arte de matar”, onde o palco era a fogueira, os acessórios eram os instrumentos de torturas e os figurantes eram o povo suprimido que não tinham a quem recorrer ou pedir proteção, porquê o Deus que até então tinham conhecimento era o mesmo Deus que a Igreja utilizava-se para comandar a “morte”.Guerra Santa
Quando a carnificina atingiu o auge nos domínios germânicos, em meados de 1600, povoados inteiros eram dizimados de uma só vez. Segundo alguns relatos, o inquisidor da Saxônia, Benedict Carpzov assinou pessoalmente nada mais nada menos do que 20 mil penas de morte.
Contudo, grande parte dos documentos desses tribunais se perdeu e o número verdadeiro de todos esses assassinatos jurídicos nunca será revelado. De qualquer modo, tratou-se de uma experiência sombria, horrível e vergonhosa para a civilização e para o cristianismo.

1229 - Concílio de Toulouse: Igreja Católica proíbe aos leigos a leitura da Bíblia e reafirma a Inquisição
Em 1229, o Concílio de Toulouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição, determinou: ‘Proibimos aos leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento...Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas mais humildes lugares de esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que os abrigar será severamente punido.’ (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Chr. 1229, Canons  14:2). Foi este mesmo Concílio que decretou a Cruzada contra os albigenses. Em ‘Act of Inquisition, Philip Van Limborch, History of Inquisition, cap. 8’, temos a seguinte declaração conciliar: ‘Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelhos para os seus próprios propósitos...eles sabem que a explanação da Bíblia é absolutamente proibida aos membros leigos’.”
Fonte: Bíblia World Net (2002) http://www.uol.com.br/bibliaworld/igreja/estudos/inqu001.htm