quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A Teologia do Culto Reformado - 02.


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As últimas duas doutrinas, obviamente, eram derivadas da primeira toda inclusiva doutrina das Escrituras. Uma vez que a Bíblia foi reintegrada em toda a sua autoridade, então se seguiu que qualquer tradição que conflitava com a Palavra de Deus, embora com a sanção da Igreja, tinha que ser abolida. Ainda mais, a primazia das Escrituras determinou um desejo pelo retorno aos princípios e práticas da comunidade primitiva de cristãos como vista nos Atos dos Apóstolos. Estas duas conclusões passaram de mão em mão. Isso porque os erros da igreja contemporânea foram vistos como desvios tanto da Bíblia como também da Igreja primitiva. Ainda, existiam dois princípios dominantes na Bíblia que a prática da Igreja contemporânea desconsiderava.
Se os homens eram justificados por meio da fé na justiça de Cristo, aceitando seu sacrifício como garantia toda suficiente para o perdão de seus pecados, então todas as práticas motivadas por uma crença na justificação pelas obras deveriam desaparecer. Tais práticas incluíam participar da Missa como uma boa obra como também fazer peregrinação. Ainda, a noção de que os santos têm um tesouro de méritos o qual está disponível como um crédito para compensar os débitos do pecador, também tinha que ser abolida. A mesma concepção da eficácia da intercessão dos santos e da mediação necessária do sacerdote anulava a doutrina bíblica de Cristo como único mediador. Se santos e sacerdotes eram indispensáveis, seria inverídico dizer ser Cristo “o único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos”. Portanto através destas três doutrinas integradas no pensamento de ambos os reformadores Lutero e Calvino se fez necessária uma reforma litúrgica.
Os resultados das reformas litúrgicas luteranas e calvinistas foram reconhecidamente diferentes. Como essas diferenças deveriam ser levadas em consideração? É insuficiente explicar estas diferenças assumindo que Lutero era um conservador e cauteloso reformador enquanto que Calvino era lógico e radical. A diferença real entre a reforma luterana e calvinista no culto pode ser disposta como o seguinte: Lutero ficaria com o que não era especificamente condenado nas Escrituras enquanto Calvino iria ficar apenas como o que era ordenado por Deus nas Escrituras. Este era o seu fundamental desacordo. Isto é de vital importância na historia do culto Puritano, desde que os Puritanos aceitavam o critério Calvinista, enquanto que seus oponentes, os Anglicanos, aceitavam o critério Luterano.
A visão de Lutero, que será demonstrada, foi na maior parte direcionada pelas suas considerações teológicas, mas também deve ser levado em alguma conta seu temperamento e suas exigências práticas que ele tinha que encarar como razões de seu assim chamado conservadorismo. Ele deixou isto muito claro quando não desejava introduzir uma “nova lex” em matéria litúrgica. Ele era averso a instalação de um Cristianismo Levítico. Isto, dizia ele, era contrário a liberdade do Cristão. Todavia, Lutero mantinha que a Palavra de Deus, se fielmente pregada, iria por ela mesma criar novas e adequadas formas de culto cristão. Para ele, isso não produziria uma liturgia obrigatória que acorrentava as consciências dos homens Cristãos. Até quando promulgou a Formula Missae ele negou o desejo de obrigar os Cristãos de aceitá-la. Foi meramente introduzida como uma alternativa sugerida à Missa da Igreja Romana, não como uma declaração autoritativa a qual se deva submeter. A variedade de ritos e cerimônias praticadas nos dias atuais pelas Igrejas luteranas do continente é um legado da doutrina de Lutero da liberdade do Cristão. Deve ainda ser lembrado que ele favoreceu a fluidez no fundamento que a uniformidade litúrgica, pela razão de sua própria uniformidade, iria cegar os homens para o caráter interno do culto. Tudo o que ele requeria era que os ritos da Igreja não deveriam conflitar com a orientação da Sagrada Escritura. Isto estava baseada na advertência de Paulo a considerar o irmão mais fraco. Para que eles não fossem desnorteados por nenhum iconoclasticismo, ele propunha abolir apenas o que era contrario ao ensinamento claro das Escrituras. Para o resto, ele iria provar de todas as coisas e reter o quer era bom.
Esta tendência em considerar a tradição da igreja como valiosa, quando e onde ela não contradizia a Escritura, foi confirmada em Lutero por sua doutrina das Ordens. As implicações desta doutrina foram que Deus ordenou ao mundo que o homem não deveria viver como um individuo isolado da sociedade, mas como um ser compartilhando certas relações comunitárias. Tais comunidades ordenadas por Deus são a Igreja e o Estado. Desde que elas dependem para a sua continuidade da divina sanção, os homens devem respeitá-las. Portanto, excetuando-se o que elas definidamente contradizem a vontade revelada de Deus, elas devem ser obedecidas. Tal doutrina coloca um grande prêmio sobre a tradição e deve ser tida como a base religiosa do conservadorismo de Lutero. Também ajuda a explicar o porquê dos bispos tem uma parte importante em decidir quais particulares reformas litúrgicas são desejáveis. Teoricamente, Lutero deixou a escolha de aceitar ou rejeitar suas reformas litúrgicas para os cristãos das igrejas locais, mas na prática a decisão foi deixada para a escolha do bispo.
Um ponto a ser tratado ainda, é a atitude de Lutero para o cerimonial. Em contraste com o despido Culto Calvinista, a liturgia luterana é rica no uso de ações simbólicas e vestimentas. Nesta matéria, nós temos a clara afirmação de Lutero que Deus deu ao homem cinco sentidos com os quais ele o poderia adorar e seria uma franca ingratidão não usá-los. Sem dúvida ele iria considerar a forma de liturgia de Calvino como um exemplo de cultuar a Deus com apenas dois dos sentidos: ouvir e falar ou cantar. Ao contrário da liturgia Luterana que apela para o sentido do olfato nos incensos e para a visão pelo uso de vestimentas e cerimônias. Para esse criticismo Calvino teria legitimamente respondido que o culto é primariamente para a glória de Deus, e secundariamente para a edificação do homem e não para o prazer deles.

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sábado, 14 de outubro de 2017

     A Teologia do Culto Reformado - 1.

     É freqüentemente suposto que as reformas litúrgicas de Lutero e Calvino são concordes somente na condenação dos abusos existentes no final da Igreja Medieval. É também admitido que as diferenças nas respectivas concepções de Culto e no cerne essencial das suas ordens litúrgicas refletiam os contrastes no temperamento deles. Isto é um grave equivoco no entendimento tanto de Lutero como de Calvino em dois aspectos. Uma tentativa será feita para mostrar que os pilares gêmeos da Reforma concordavam não apenas no que constituía os abusos do final da igreja medieval, mas também no desejo de retornar para a primitiva simplicidade do culto cristão.
     A concordância deles sobre os abusos que deviam ser corrigidos, muito mais que a expressão de suas preferências subjetivas, foi devida às doutrinas teológicas que eles mantinham em comum. Em segundo lugar, será demonstrado que é uma simplificação espúria da matéria, declarar que os desacordos entre Lutero e Calvino são explicados como resultado, respectivamente, do conservadorismo de Lutero e da natureza rigidamente lógica de Calvino. Mesmo que esta afirmação seja alterada e venha a produzir a impressão que Calvino foi inteiramente verdadeiro aos seus princípios, enquanto Lutero foi conservador, isto ainda permanece uma concepção injusta a respeito de Lutero. Seu aparente conservadorismo pode ser explicado por princípios teológicos.
   Os Reformadores eram concordes com respeito aos abusos da igreja medieval, que deviam ser corrigidos. Em particular, eles investiram contra quatro falsas concepções. Sua comum “aversão peculiar” foi o ensinamento a respeito da Missa da Igreja medieval. Eles concordavam em condenar o ensinamento que proclama ser na Missa mais uma vez oferecido o sacrifício que de uma vez por todas foi feito no Calvário. Não parecia nada menos que blasfemo para eles que homens ousassem asseverar que o sacrifício feito na Cruz exigia ser repetido. Eles estavam igualmente seguros, em segundo lugar, que a Missa como era celebrada não era uma comunhão. O povo não comungava de ambos os elementos; eles eram apenas espectadores de um drama no qual o sacerdote era o ator principal e o coro cantava uma música incidental e complicada. Isso não era tudo; o serviço da Missa não era nem inteligível para a maior parte do povo, porque onde era audível, o era falada ou cantada em uma língua acadêmica, o latim. 
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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A Doutrina de Deus – 19.


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Uma outra indagação freqüentemente feita pelos crentes é a seguinte: “Porque o crente precisa sofrer tantas dificuldades, se Deus realmente controla todos os acontecimentos desta vida?” A bíblia revela diversas razões para isso:
  1. Essas dificuldades podem ser permitidas por Deus tendo em mira o desenvolvimento espiritual do crente. Veja Salmo 94.12: “Bem-aventurado o homem, SENHOR, a quem tu repreendes, a quem ensinas a tua lei” - RA e Hebreus 12.5-13.
  2. Essas dificuldades podem representar provações, que preparam o crente para avenidas ainda mais largas do serviço cristão. (veja 1 Coríntios 16.9: “ porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários.” - RA e Tiago 1.2-12.
  3. As aflições também glorificam a Deus, se reagirmos a elas da maneira certa. Veja Jó capítulos 1, 2 e 42.
  4. As dificuldades fazem parte do alto chamamento da Igreja. Veja Jo 15.18: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim” - RA; Jo 16.33: “ Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” - RA); Atos dos Apóstolos 14.22: “ fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus”.- RA e 1 Pedro 4.12-19.
Pelo fato de algumas vezes, Deus intervir ativamente nas atividades das pessoas, sabemos que podemos desempenhar um papel muito eficaz na vida de outras pessoas, quando oramos. Moisés rogou ao Senhor e Israel foi salvo da destruição. Elias orou e o Palácio foi abalado. São muitos os exemplos em ambos os Testamentos da intervenção de Deus quando seu povo orou. Ele faz certas coisas em resposta direta às orações dos crentes.
Mas Ele realiza outros feitos, sem que ninguém precise orar a respeito. E também há vezes em que Deus parece fazer exatamente ao contrário daquilo que estamos orando, visto que, em Sua soberania, Ele está visando o nosso maior bem. Se Deus quiser fazer coisas sobre as quais ninguém esteja orando, mesmo assim Ele as fará. Se orarmos sobre coisas contrárias a Sua vontade, então Ele recusar-se-á a no-las conceder. Portanto, há uma perfeita harmonia entre os Seus propósitos e a Sua Providência, por um lado, e a liberdade humana por outro lado.
Por conseguinte, conforme já vimos, algumas vezes os crentes padecem como resultado de estarem vivendo em um mundo maligno. Deus que controla todas as coisas, nem sempre impede que indivíduos maus pratiquem o que é ruim. Tanto crentes como não-crentes podem sofrer em decorrência de descuidos. Geralmente Deus não interfere nas leis físicas normais e nem em nossa própria liberdade de escolha. Todas as pessoas vivem em um mundo onde cada um de nós está sujeito a acidentes e a morte eventual.
O nosso alvo não consiste em realizar as nossas próprias idéias sobre a vida, mas antes, consiste em viver de tal maneira que isto resulte na glória de Deus. O amor de Deus por nós jamais se altera e Ele prometeu que, se nós O amarmos, Ele operará em todas as coisas visando o nosso bem. Dotados de tal conhecimento, podemos entregar-nos confiadamente nas mãos do nosso soberano Deus, crendo que as razões para quaisquer circunstâncias que Ele imponha, permita, determine ou impeça, algum dia ficarão tão claras para nós quanto o são para Ele.
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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A Doutrina de Deus – 18.
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Paulo assevera que Deus “faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade” (Efésios 1.11), e também afirma que Deus opera em nós “tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2.13). Ele confere-nos discernimento quanto as situações da vida e guia-nos por meio do Seu Santo Espírito. Ele adverte-nos quanto às consequências do fracasso e procura conquistar-nos gentilmente. Contudo, não tira a nossa liberdade, visto que não nos impõe a Sua vontade à força. Dentro da experiência da salvação, Ele dá início à Sua admirável realização, colocando-se do lado de fora de nosso coração e batendo; mas, nós é que devemos abrir-Lhe a porta. (veja Apocalipse 3.20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”. - RA). Além disso, o Espírito Santo vem habitar em nós. Ele mantém o controle sobre as nossas vidas por todo o tempo em que nos mantivermos submissos ao Seu senhorio. Nosso relacionamento com Ele, como nosso Senhor, continua baseado em nosso amor por Ele e a nossa escolha de entregar a Ele o controle de nossas vidas.
3.Governo. Refere-se às atividades do governo divino, com o objetivo de concretizar os Seus propósitos divinos. Conforme vimos, Deus governou o mundo físico por meio de leis que Ele mesmo estabeleceu. E Ele governa as pessoas através das leis e propriedades da mente, e também mediante as operações do Espírito Santo. Assim fazendo, Deus usa todas as formas de influência, como as circunstâncias, os motivos, a instrução, a persuasão e a força do exemplo. Ele opera diretamente, por meio das operações do Espírito Santo para que influencie o intelecto, as emoções e a vontade do homem.
Deus governa todas as coisas pelo menos de quatro maneiras diferentes. Quando compreendemos essas maneiras percebemos a relação que há entre a vontade soberana de Deus, na realização do Seu plano divino e a vontade do homem, que atua livremente.
  1. Algumas vezes Deus nada faz para impedir o homem de fazer o que ele resolveu fazer. Isso não quer dizer que Deus esteja aprovando o pecador, mas é que Ele não impõe o Seu poder para impedir esses atos errados. Exemplos disso aparecem em Atos dos Apóstolos 14.15,16 e Salmos 81.12,13.
  2. De outras vezes, Deus impede os homens de cometerem o pecado, influenciando-os para que não pequem. Exemplos disso vemos em Gênesis 20.6; 31.34 e Oséias 2.6. O salmista orou solicitando esse tipo de ajuda, conforme se lê em Salmos 19.13: “da soberba guarda o teu servo”.
  3. De outras vezes, sobre a direção divina, Deus redireciona os atos de homens maus, usando esses atos para que redundem em bons resultados. Já vimos um exemplo disso na vida de José. Seus irmãos pecaram, mas Deus usou tal erro para fazer algo de bom.
  4. Finalmente, algumas vezes Deus determina os limites do pecado e da iniqüidade. Trechos bíblicos como os de Jó 1.12 e 2.6 indicam que Deus impõe limites às atividades de satanás. Paulo em 1 Coríntios 10.13 declara que o Senhor também estabelece um limite aos testes e tentações que os crentes precisam enfrentar.
A providência transmite-nos a idéia de que Deus governa amorosamente todas as coisas. Esse amor atinge a sua expressão culminante nas palavras do apóstolo: “... todas as coisas colaboram juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu decreto” (Romanos 8.28).
Efeitos da Providência Divina.
De que maneira a providência divina afeta as nossas experiências pessoais? Muitos trechos bíblicos revelam a promessa divina de fazer prosperar os justos (veja Levítico 26.3-13 e Deuteronômio 28.1-14). Deus abençoa aqueles que Lhe pertencem – Suas bênçãos, porém, são por demais numerosas para serem mencionadas uma a uma.
Entretanto, com certa freqüência, os retos indagam: Por que os ímpios prosperam? E porque eles não são castigados? O salmista responde que 1) A prosperidade dos ímpios é apenas temporária; e 2) eventualmente Deus haverá de julgara iniqüidade dos ímpios (Veja Salmos 37.16-22; 73.1-28; ver também Malaquias 3.13-4.3).
Portanto, quando alguém lhe perguntar: “Por qual razão Deus não põe um ponto final em toda essa violência?”, então você poderá responder com toda confiança: “Espere para ver o ato final desse drama. Deus já iniciou o Seu plano para eliminar o egoísmo, o desespero, a rebeldia e a corrupção. De acordo com o Seu plano eterno, haverá bênçãos e prosperidade para todos quanto amam a Deus”. Nesse ínterim, Deus vai adiando o julgamento, a fim de dar aos ímpios a oportunidade de se arrependerem (ver Romanos 2.4 e 2 Pedro 3.9)

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sábado, 12 de agosto de 2017

A Doutrina de Deus –17.


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3. O governo de Deus tem, como seu alvo primário, a Sua própria glória (Efésios 1.11-14). Todas as perfeições de Deus manifestam-se através de Seu governo. Isso significa que a Sua providência divina revela-nos as qualidades do Seu Ser. Para exemplificar, o Seu amor é revelado pela Sua provisão às Suas criaturas, particularmente quando lhes provê redenção, mediante o Seu Filho. A Sua verdade é revelada tanto nas leis da natureza como em Sua fidelidade, no cumprimento das promessas existentes em Sua Palavra. A Sua santidade e retidão são reveladas no ódio que Ele tem ao pecado. O Seu poder é demonstrado em Sua obra de criação, redenção e providência. E a Sua sabedoria pode ser vista na maneira como Ele opera a fim de concretizar os Seus propósitos. E, quando reconhecemos quão maravilhoso é o nosso grande Criador, então nós Lhe prestamos honra e glória.
Elementos da Providência Divina.
Muitos estudiosos da Bíblia sugerem que há três aspectos da providência divina. Entretanto, eles reconhecem que esses aspectos se justapõem até certo ponto e que essas três fases nunca aparecem isoladas nas operações de Deus. Esses aspectos são a preservação, a concordância e o governo.
1. Preservação. Já podemos discutir sobre a preservação divina, ou seja, a manutenção do universo, como parte do governo soberano de Deus sobre todas as coisas. Deus está ativamente envolvido na preservação de Sua criação. Tudo quanto Deus criou depende absolutamente dEle. Contudo, Ele conferiu certas propriedades a cada parte de Sua criação, visando a sua manutenção. O trecho de Gênesis 1.24,25: “Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez. E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom”.- RA; indica que Deus dotou cada criatura de certas características naturais, que lhe são próprias. Cada espécie cresce, desenvolve-se, amadurece e reproduz-se de acordo com a sua própria espécie.
2. Concordância. O vocábulo concordância significa acordo, cooperação, consentimento. Ele dá a idéia que nenhuma atividade da matéria ou da mente pode ter lugar sem o consentimento de Deus e que o Seu poder coopera com os poderes que lhe estão sujeitos. Em Atos 17.28: “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração”.  – RA; e em 1 Coríntios 12.6: “E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos”.- RA; o apóstolo Paulo dá a entender que, sem a concordância de Deus, nenhuma força ou pessoa poderia continuar a agir ou mesmo a existir. Destarte, o poder de Deus exerce fortíssima influência sobre o poder do homem, embora sem destruí-lo e sem furtar do ser humano a sua liberdade. O homem possui, conserva e utiliza seus poderes naturais, enquanto que Deus preserva a sua mente e o seu corpo através de suas funções naturais.
Visto que Deus é a base da existência do homem, não podemos dizer que o papel do homem é igual em importância ao papel de Deus. Nesse ponto, novamente, encontramos um profundo mistério: Deus outorgou ao homem poderes naturais que podem ser usados para o bem ou para o mal. Quando esses poderes naturais são usados de maneira má, somente o homem é o responsável, porquanto Deus não é o causador dos maus atos dos homens. Veja em Jeremias 44.4: Todavia, começando eu de madrugada, lhes enviei os meus servos, os profetas, para lhes dizer: Não façais esta coisa abominável que aborreço”.- RA; e Tiago 1.13,14: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz”.- RA.
Deus concorre com os atos dos homens, conferindo-lhes os seus poderes naturais; mas, a má direção desses poderes vem da parte dos homens. Um exemplo dessa concorrência é o caso de José. Veja em Gênesis 45.5: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós”.- RA; e Gênesis 50.20: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida”.- RA. Vemos ali que, apesar de seus irmãos terem usados seus poderes naturais para fazerem o mal, Deus faz aquela má ação redundar em bem. Ele consentiu os atos, permitindo-os; mas, cumpriu a Sua vontade através do que eles fizeram, de acordo com os Seus propósitos.
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segunda-feira, 24 de julho de 2017

A Doutrina de Deus - 16.


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Precisamos reconhecer que a preservação divina é necessária, pois tudo quanto Deus criou, como ser ou ação, depende dEle de modo absoluto. Nenhuma criatura tem a capacidade de continuar a existir por si mesma. Tudo só existe e continua por causa da vontade do Criador. É mediante a palavra de seu poder que todas as coisas, bem como o universo inteiro, são mantidas ou sustentadas. Veja em Hebreus 1.3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”, - RA.
Apesar de todas as coisas continuarem existindo mediante o contínuo exercício da vontade de Deus, Ele outorgou a cada porção de Sua criação, certas propriedades que são necessárias à sua preservação. No mundo físico Deus atua através de propriedades e leis físicas, as quais, algumas vezes, denominamos “leis da natureza”. No mundo intelectual, Deus opera através de propriedades ou capacidades da mente; Ele nos deu a capacidade de pensar, de sentir e de tomar decisões. Deus opera através dessas propriedades, quando trata conosco. Na preservação do mundo, Deus não altera aquilo que Ele estabeleceu por ocasião da criação. Ele simplesmente mantêm aquilo que Ele criou.
Um outro aspecto do governo soberano de Deus é a Sua providência. Apesar de incluir a idéia de preservação, envolve mais do que isso. Também quer dizer que Deus tem a capacidade de ver as coisas com antecedência de prever, de planejar antes delas acontecerem. Refere-se também a capacidade de Deus cumprir o Seu propósito final na criação, que é o estabelecimento de Seu reino, sob o governo de Jesus Cristo. E finalmente, fala sobre as atividades de Deus, mediante as quais Ele conserva, cuida e governa tudo quanto criou. Como Deus faz isso constitui um mistério; mas há certos detalhes, referentes à providência de Deus, para conosco, que sabemos:
  1. Deus está pessoalmente envolvido no mundo que Ele criou.
  2. Deus faz tudo quanto existe na natureza mover-se conforme Ele intencionou.
  3. Ele capacita e impulsiona pessoas a agirem como agentes morais responsáveis, dotados da liberdade de escolher entre o que é certo e o que é errado.
  4. Se alguém preferir aceitar a salvação que Deus oferece, então Ele prevê para tal pessoa a vida eterna, com todas as alegrias e o esplendor conferidos pela Sua majestade.
Propósitos da Providencia Divina. Há diversos propósitos no governo providencial de Deus, que envolvem o relacionamento de Deus com as criaturas que O amam e Lhe são obedientes, a saber:
1. O governo de Deus é caracterizado pelo Seu interesse por nós. Muitas passagens da Bíblia revelam que Deus governa visando a felicidade de Seu povo. Veja o Salmo 84.11: “O SENHOR Deus é a nossa luz e o nosso escudo. Ele ama e honra os que fazem o que é certo e lhes dá tudo o que é bom”. - NTLH. Outras passagens bíblicas como Atos 14.17: “Mas Deus sempre mostra quem ele é por meio das coisas boas que faz: é ele quem manda as chuvas do céu e as colheitas no tempo certo; é ele quem dá também alimento para vocês e enche o coração de vocês de alegria”. - NTLH;
e Romanos 8.28: “ Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou de acordo com o seu plano”. - NTLH, também revelam o interesse da Deus pela nossa felicidade e bem estar.
2. O governo de Deus é caracterizado pelo Seu interesse pelo desenvolvimento mental e moral do Seu povo. A maneira de Deus tratar com o Seu povo, através da história, tem envolvido a necessidade de educá-los, a fim de perceberem o seguinte: 1) o que Deus requer da parte deles; 2) que a maneira dEle é santa; 3) que o pecado é ofensivo para Ele; e 4) que oferece perdão por causa do pecado e reconciliação entre o pecador e Ele. Nos tempos antigos, Deus permitiu coisas tais como o divórcio, porque os homens ainda estavam imaturos (não tinham se desenvolvido espiritualmente). O trecho de Marcos 10.5 fala sobre isso. Veja: “Então Jesus disse: —Moisés escreveu esse mandamento para vocês por causa da dureza do coração de vocês”.- NTLH. As leis do Antigo Testamento e o sistema levítico de governo faziam parte desse processo de desenvolvimento. Eles preparam o caminho para a revelação do Cordeiro de Deus (Jesus Cristo), o qual tira o pecado do mundo. Toda a providência divina, conduzindo o seu povo na direção da maturidade espiritual, tem por propósito prepará-los para serem a Sua possessão especial.

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terça-feira, 20 de junho de 2017

A Doutrina de Deus - 15.



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Deus, o supremo Criador do universo governa soberanamente sobre tudo o que Ele criou. O que significa isso? A palavra supremo significa “o mais elevado em posição e autoridade, o mais elevado em grau ou qualidade”. Deus é superior, de todas as maneiras, a tudo quanto existe fora dEle. E a palavra soberano significa “estar livre de qualquer controle ou poder externo e ter a capacidade de fazer o que bem quiser”.
Assim sendo, a soberania de Deus descreve o Seu supremo governo sobre o universo (Veja 1 Timóteo 6.15: “ a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores;” - RA). A Sua soberania manifesta-se na direção de Sua vontade. (Veja Efésios 1:11 RA: “nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”, - RA). As Escrituras ensinam claramente a soberania de Deus: Veja como:
  1. Como nosso Criador ele tem o direto de nos governar. Veja 1 Crônicas 29.11: “ Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos”.- RA; Mateus 20.15: “Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?” - RA; Ezequiel 18.4: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá”.- RA.
  2. Ele faz aquilo que Lhe parece melhor. Veja Salmo 115.3: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada”.- RA; Daniel 4.35: “Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” - RA.
  3. Há um propósito em tudo quanto Deus faz. Veja Romanos 8.28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.- RA; Isaías 48.11: “Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem” - RA.
A soberania de Deus envolve a preservação e a manutenção do universo, bem como a sua providência. Em primeiro lugar, consideraremos como Deus preserva e mantêm o universo.
A Preservação (Manutenção) do Universo – Nenhum arquiteto, por mais brilhante que seja, foi capaz de planejar uma casa que nunca precisasse de reparos. Nenhum jardineiro planta cuidadosamente as sementes de belas flores, sem que precise cuidar das plantas podando, arrancando as ervas daninhas e regando. A Bíblia ensina-nos que o universo também precisa ser preservado ou mantido. Veja Atos 17.28: “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração”.- RA; Hebreus 1.3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”, - RA.
Deus age continuamente mantendo o universo, cuidando dele. As Escrituras mostram-nos que, depois de Sua obra de criação, Deus dá prosseguimento às Suas atividades, cuidando de todas as coisas (Leia todo o Salmo 104). Isso inclui as pessoas e os animais. Veja o Salmo 36.6: “A tua justiça é como as montanhas de Deus; os teus juízos, como um abismo profundo. Tu, SENHOR, preservas os homens e os animais”.- RA, bem como a proteção daqueles que são santos e justos. Veja Provérbios 2.8: “guarda as veredas do juízo e conserva o caminho dos seus santos” - RA.
Declarou o apóstolo Paulo: “Porque nele vivemos, e nos movemos e existimos...” (Atos 19.28). Deus não seria realmente soberano se qualquer coisa existisse ou acontecesse no universo, independentemente de Sua vontade e do Seu poder. Trechos bíblicos como os de Neemias 9.6: “Só tu és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora”.- RA; e Salmos 145.14-16: “O SENHOR sustém os que vacilam e apruma todos os prostrados. Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o alimento. Abres a mão e satisfazes de benevolência a todo vivente.” - RA, ensinam que Deus está ativamente envolvido na preservação de todas as coisas.

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sexta-feira, 19 de maio de 2017

A Doutrina de Deus - 14.


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A narrativa bíblica revela uma série de atos criativos que, considerados conjuntamente, compõem um grande processo de criação. (Veja em Gênesis 1 e 2 e Salmo 33.6). O fato da criação reveste-se de significado para as nossas vidas e de diversas maneiras, a saber:
1ª. - Sabendo que o Criador do universo existia antes de todas as coisas, deveríamos ficar maravilhados com a eterna grandeza e majestade de Deus, ao mesmo tempo em que ficaríamos reduzidos à insignificância, em comparação com Ele.
2ª. - O Senhor de toda criação tem direito de exigir que Suas criaturas Lhes sejam obedientes, prestando-Lhe adoração e serviço.
3ª. - Na criação vemos uma revelação geral do Criador, que exibe a Sua sabedoria, o Seu poder e o Seu interesse pelas Suas criaturas (Veja Rm 1.18-20: “ A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;” - RA). e
4ª. - O ensino bíblico sobre a criação é básico para a nossa fé, pois jamais poderíamos nos entregar aos cuidados de alguém, com vistas à nossa eterna salvação, cujo poder fosse menor que o do Criador revelado nas Escrituras.
Não precisamos ficar indagando por qual motivo Deus planejou e produziu todas as coisas. Ele fez tudo para a Sua glória. (Veja no Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” - RA; Isaías 42.7: “para abrires os olhos aos cegos, para tirares da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em treva” - RA; Isaías 48.11: “Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem” - RA; e Apocalipse 4.11: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” - RA). As pessoas gastam toda a sua vida a procura da felicidade. Porém, a verdadeira felicidade nos é outorgada somente quando procuramos glorificar a Deus. Fomos criados com esse expresso propósito, e essa é a grande chave para a nossa felicidade.
Um certo amigo, certa ocasião, queixou-se de que se sentia infeliz porque nunca fizera algo de grande em favor de Deus. Então lhe perguntei: “O seu alvo mais alto é glorificar a Deus naquilo que você faz? Você está disposto a permitir que aconteça qualquer coisa, para atingir esse alvo?” Foi assim que ele percebeu que sua ambição de fazer algo grande tinha sido sempre o alvo mais importante de sua vida. Ele estava apenas enganando a si mesmo, pensando que queria fazer as coisas para Deus. Jesus disse: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará” (Marcos 8.35). Sim, fomos criados para glorificar a Deus em nossas vidas.
Em certas sociedades, o universo é visto como algo eterno, cuja história passa por um interminável ciclo de criação, destruição e recriação. O único verdadeiro alvo das pessoas dessa sociedade é desaparecer da existência, pois elas vivem tomadas pelo desespero. O conceito bíblico de universo tem um começo (A criação de todas as coisas), um propósito (a salvação dos homens por meio de Jesus Cristo), e a promessa da vida eterna, dentro do reino de Deus. Os atos criativos de Deus não se limitam àquilo que Ele fez no passado. As passagens de João 3.3: “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” - RA; 2 Coríntios 5.7: “ visto que andamos por fé e não pelo que vemos.” - RA; Gálatas 6.15: “ Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.” – RA e Salmos 51.10: “ Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.” – RA, afirmam que Deus purifica os corações daqueles que se arrependem de seus pecados e aproximam-se dEle confiadamente. Esses trechos bíblicos também nos ensinam que, quando uma pessoa volta-se para Deus em busca de salvação, ela nasce de novo e torna-se uma nova criatura, ou uma nova criação. Desse modo, os atos criativos de Deus incluem a criação espiritual, que tem lugar quando uma pessoa aceita a Jesus Cristo como seu salvador.
As obras criativas de Deus revelam as Suas características de maneira geral às Suas criaturas. A criação dá-nos consciência da eterna grandeza e da majestade de Deus, bem como de nossa pequena importância em comparação com Ele. O conhecimento da natureza e do poder de Deus, revelados através da criação de todas as coisas, deveria levar-nos a glorificar a Deus.

Continua no próximo post.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A Doutrina de Deus - 13.


Continuação do post anterior.
Deus ama profundamente a você e a mim. E Ele demonstra isso não somente por meio de palavras e de promessas, mas também por meio daquilo que Ele faz. Nada existe que possamos fazer para merecer o amor de Deus. Coisa alguma que possamos dizer ou fazer é capaz de obrigar Deus a amar-nos. Mas, amar simplesmente faz parte da Sua natureza. Ele ama ao mundo. Ele nos ama.
Deus mostra, de maneira prática, o quanto Ele nos ama. Algumas pessoas alistam a bondade, a misericórdia, a paciência e a fidelidade como atributos separados de Deus, mas consideramos essas qualidades como aspectos de Seu amor. Provavelmente, você será capaz de pensar em outros aspectos do amor de Deus, os quais poderiam ser acrescentados a essa lista. Esses atributos mostram-nos quão importantes nós somos para Deus. Eles fazem-nos lembrar o quanto Ele está interessado em nós.
Nas páginas do Antigo Testamento, com freqüência Deus é descrito como um grande e poderoso guerreiro. Ver Deus ali como amoroso, é algo profundamente emocionante. Um dos mais admiráveis exemplos do Seu amor mostra o Senhor como um irado destruidor, prestes a punir uma cidade ímpia. No entanto, Ele reluta – Ele recua. Por que Deus não prosseguiu com o Seu plano de destruir? Afinal de contas, as muralhas já cederam e nada mais é capaz de impedir o castigo. No entanto, há alguma coisa que O deteve – é o Seu amor por aquela gente má. Eis o que Ele declarou: “E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; mas, a ninguém achei” (Ezequiel 22.30). Se alguma pessoa justa estivesse ali, para rogar pela misericórdia de Deus, Deus teria poupado a cidade. Quanto amor Deus demonstra aos homens!
Davi, Isaías e Jeremias apresentaram Deus como um pai. Que interesse um bom pai demonstra por seus filhos, que levou esses homens a fazerem tal comparação? Deus disse que se compadece de Seus filhos, lembra-se que eles são apenas pó, incapazes de se defenderem (Sl 103.13,14). Isaías concebia-o como um pai redentor (Isaías 63.16; 64.18). E Jeremias via a Deus como um pai que, após ter castigado a seus filhos desobedientes, haverá de reconduzi-los à sua terra (Jeremias 31.7-9).
No Novo Testamento encontramos o exemplo supremo do amor de Deus. Quando Jesus veio a este mundo para pagar pela pena imposta por causa dos nossos pecados, Ele revelou qual é o terrível salário do pecado: a morte. Ele providenciou a nossa salvação, mas a um custo que ninguém pode calcular – a Sua própria vida (Jo 3. 16,17). Visto que Deus nos ama tanto, sabemos que Ele jamais permitirá que qualquer coisa nos aconteça na vida que Ele não possa fazer redundar em nosso bem final, se, porventura, O amamos. Podemos estar certos de seu amor, sem importar quais sejam as nossas circunstâncias externas. O Seu amor haverá de livrar-nos do temor e de Seus tormentos (1 Jo 4.18 e 2 Tm 1.7).
O trecho de Ezequiel 18.1-32 revela o grande amor que Deus tem pelo Seu povo. Apesar deles, algumas vezes, não reconhecerem a razão para as suas dificuldades, Deus lhes esclarece que o que quer deles é um serviço obediente. O julgamento é feito para chamar a sua atenção, e para produzir cura e restauração no relacionamento deles com Deus. Os versículos 31 e 32 indicam o profundo amor de Deus por Israel e o Seu interminável desejo pela salvação de Seu povo.
Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós um coração novo e espírito novo; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová: convertei-vos pois e vivei”.
A obra da Criação de Deus.
Consideraremos agora as obras de Deus: 1) Seus atos criativos; 2) Seu governo soberano do universo, que inclui a manutenção ou preservação da Sua criação; e 3) Sua providência que executa o seu eterno propósito. Em primeiro lugar, examinaremos aquilo que a Bíblia ensina sobre a criação de todas as coisas por Deus.
As pessoas, com freqüência destacam-se na história não por causa do que elas são, mas pelo que elas fizeram . Poe exemplo, madame Marie Curie não se tornou famosa por ser membro de uma família real, mas por que era médica, química e descobriu o rádio e o polônio.
Em contraste o Ser Supremo do universo é importante para nós por aquilo que Ele é. Ao mesmo tempo o que Deus faz (as Suas obras) reveste-se de grande importância para nós. A primeira obra de Deus foi a criação do universo, Veja os capítulos um e dois do livro de Gênesis. Mediante o exercício do Seu poder de criar, Deus trouxe a existência o universo inteiro, visível e invisível. Isso inclui os sistemas do universo material (o sol, a lua, as estrelas, os planetas, os cometas, etc.), e também todas as ordens de seres, incluindo os seres espirituais, excetuando unicamente a Ele mesmo. Essa criação é claramente declarada nas Escrituras, conforme veremos.

Continua no próximo post.

sexta-feira, 24 de março de 2017

A Doutrina de Deus - 12.


Continuação do post anterior.
A santidade de Deus é o tema também de muitas passagens do Novo Testamento. Já vimos no Antigo Testamento vários exemplos do fato das pessoas não terem acesso direto a Deus, como também não conseguirem esse acesso por meio dos seus esforços. No Antigo Testamento, um sacerdote santificado aproximava-se da presença de Deus, a fim de fazer expiação pelos pecados do povo. Mas agora uma expiação definitiva foi feita através do sacrifício do próprio Filho de Deus, Jesus Cristo. De acordo com Romanos 5.2: (“Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus” - NTLH);
e Efésios 2.13-18: (“Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz. Pois foi Cristo quem nos trouxe a paz, tornando os judeus e os não-judeus um só povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele derrubou o muro de inimizade que separava os judeus dos não-judeus. Ele acabou com a lei, juntamente com os seus mandamentos e regulamentos; e dos dois povos formou um só povo, novo e unido com ele. Foi assim que ele trouxe a paz. Pela sua morte na cruz, Cristo destruiu a inimizade que havia entre os dois povos. Por meio da cruz, ele os uniu em um só corpo e os levou de volta para Deus. Assim Cristo veio e anunciou a todos a boa notícia de paz, tanto a vocês, os não-judeus, que estavam longe de Deus, como aos judeus, que estavam perto dele. É por meio de Cristo que todos nós, judeus e não-judeus, podemos ir, pelo poder de um só Espírito, até a presença do Pai.” - NTLH);
se quisermos nos aproximar de Deus, isso terá de ser feito mediante os méritos de Jesus Cristo. O trecho de 1 Pedro 3.18: “ Pois o próprio Cristo sofreu uma vez por todas pelos pecados, um homem bom em favor dos maus, para levar vocês a Deus. Ele morreu no corpo, mas foi ressuscitado no espírito,” - NTLH), nos ensina que todas as nossas imundícias e injustiças são cobertas e expiadas pelo nosso reto Salvador, para que possamos chegar a presença do Deus santo. Portanto os trechos citados acima ensinam-nos que a única maneira de chegarmos à santa presença de Deus é através da expiação provida por nosso Senhor Jesus Cristo.
Não podemos falar sobre a santidade de Deus, sem também mencionarmos a Sua retidão e a Sua justiça. Muitos estudiosos da Bíblia classificam essas duas qualidades como atributos separados da Deidade; mas a retidão e a justiça são resultados diretos da santidade de Deus. Esses são aspectos de Sua santidade, vistos no Seu relacionamento com as pessoas.
Em primeiro lugar, a santidade divina se expressa mediante a retidão. Deus estabeleceu neste mundo um governo moral. Isso significa que Ele decretou leis justas (eqüitativas e certas), sob as quais as pessoas devem viver. Em segundo lugar, a santidade de Deus se expressa mediante a Sua justiça. Deus administra as Suas leis com equidade; Ele recompensa aqueles que obedecem e castiga aqueles que desobedecem a essas leis.
A retidão divina é demonstrada por seu amor à santidade em Seu povo. Deus não somente é santo; mas também requer que o Seu povo seja santo. Sua justiça é demonstrada pelo fato dEle julgar o pecado. Visto que Deus não pode tolerar o pecado, por isso mesmo deve punir aqueles que pecam. Deus exige de mim, depois de eu me tornar crente e abandonar os meus caminhos pecaminosos, que eu seja santo e que eu compartilhe de Sua santidade.
A santidade é uma qualidade da vida cristã que envolve mais do que não fazer o que é errado. Ela se expressa sob a forma de ações corretas, quando fazemos aquilo que o amor de Deus leva-nos a fazer pelas outras pessoas. Isso produz em nós o interesse pelas pessoas que nos cercam. Por exemplo, podemos manter a nossa obediência a Deus enquanto ministramos às necessidades de outras pessoas. Não precisamos transigir os princípios cristãos a fim de servir a outras pessoas. A parábola que Jesus contou, registrada em Lucas 10.29-37, ilustra o ideal cristão (o padrão da perfeição) com o qual deveríamos nos identificar. E, ao mesmo tempo, demonstra o tipo de atividades que exprime o nosso ideal, de maneira prática, no trato com os nossos semelhantes. O único dos três indivíduos citados na parábola narrada em Lucas 10.29-37 que expressa o ideal da santidade cristã em suas ações é o samaritano, pois ele mostrou que fazia o que é direito. Aplicou à vida os princípios que defendia.
Conforme podemos ver em Hebreus 12.10 e 14: (“Os nossos pais humanos nos corrigiam durante pouco tempo, pois achavam que isso era certo; mas Deus nos corrige para o nosso próprio bem, para que participemos da sua santidade. Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”), a Bíblia exorta cada um de nós a viver uma vida santa ou separada. Uma pessoa pode obedecer a esse mandamento e ao mesmo tempo, envolver-se na vida da comunidade, conforme Jesus ensinou em Mateus 5.13-16. Esse trecho bíblico ensina que não devemos perder a nossa santidade, mas antes devemos servir de exemplo para as outras pessoas. Dessa maneira, um crente não haverá de envolver-se com aquilo que o Novo Testamento não permite. Não obstante, o crente fará tudo quanto estiver ao seu alcance, a fim de servir aos seus familiares e vizinhos, mostrando que se interessa por eles.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A Doutrina de Deus – 11.
Continuação do post anterior.
Deus: Suas Características Morais e Suas Obras.
Você já ficou perturbado e repleto de dúvidas e indagações, ao ler no jornal à respeito de alguma grande tragédia ocorrida na vida de um crente? Você já viu pessoas más obterem grande sucesso ou riqueza mediante práticas desonestas e perguntar porque Deus permite tais coisas? Com freqüência as nossas mentes se sentem perturbadas, ao vermos injustiças e então indagamos por que motivo Deus deixa tais coisas acontecerem.
Quando compreendemos mais claramente as características morais de Deus – Seu amor e santidade – e como Ele atua nesse mundo, então descobrimos que há um propósito para todas as coisas que acontecem conosco. O alvo de Deus é preparar-nos para o Seu reino eterno e Ele mostra-se ativo em nossas vidas, para atingir esse alvo.
Nesse post veremos as características morais de Deus e veremos que Aquele que nos criou mantém-se ativo em Sua criação, provendo tudo quanto é necessário para conduzir-nos ao Seu reino. Contudo, Ele permite que tomemos as nossas próprias decisões e que arquemos com a responsabilidade pelas escolhas que fazemos. Abramos a Ele os nossos corações, enquanto consideramos, o quanto Ele nos ama e como Ele governa a Sua criação.
As características morais de Deus são as características reveladas no trato de Deus com os homens e as mulheres, e incluem a santidade e o amor de Deus. Vejamos em primeiro lugar a santidade de Deus.
Através de que característica você gostaria de ser conhecido em sua vizinhança? Por ser mão fechada? Por gostar de falar mal da vida alheia? Por ser uma pessoa boa? Por ser amável com os outros? Deus interessava-se em ser conhecido entre as nações por uma de Suas características específicas. Ele queria ser chamado de “O Santo” (veja Ez 39.7: “Farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo de Israel e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e as nações saberão que eu sou o SENHOR, o Santo em Israel.” – RA).
Temos aprendido que é impossível Deus incorrer em algum equívoco intelectual, porquanto Ele sabe todas as coisas. Por causa de Sua santidade, também é impossível que Ele caia em algum erro moral. A santidade é a característica de Deus que exprime a perfeição de tudo quanto Ele é. A santidade é a base de todas as Suas ações. Assim sendo, tudo quanto Deus faz é direito e bom.
A palavra santidade contém a idéia de separação. O perfeito ser divino está separado de todas as pessoas malignas e de todo o mal, estando exaltado muito acima de tudo isso. No entanto, embora Deus seja perfeitamente santo e separado de Suas criaturas, Ele mantém um certo relacionamento com o seu povo por causa do que está sempre perto deles. Mais adiante veremos como isso é possível.
Podemos observar a santidade de Deus em cada uma de Suas atitudes e ações. A santidade de Deus inclui o amor por aquilo que é bom e Seu ódio por aquilo que é mau. Portanto, o Senhor deleita-se na probidade e na bondade e Ele se separa do mal e o condena.
O fato de Deus se separar das pessoas é algo necessário, por causa da pecaminosidade humana. Essa verdade é salientada por muitas vezes no Antigo Testamento. Deus disse para Moisés levantar uma cerca em redor do Monte Sinai (Ver Ex 19.12,13,21-25: “Marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis o seu limite; todo aquele que tocar o monte será morto. Mão nenhuma tocará neste, mas será apedrejado ou flechado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá. Quando soar longamente a buzina, então, subirão ao monte”. “ e o SENHOR disse a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o limite até ao SENHOR para vê-lo, a fim de muitos deles não perecerem. Também os sacerdotes, que se chegam ao SENHOR, se hão de consagrar, para que o SENHOR não os fira. Então, disse Moisés ao SENHOR: O povo não poderá subir ao monte Sinai, porque tu nos advertiste, dizendo: Marca limites ao redor do monte e consagra-o. Replicou-lhe o SENHOR: Vai, desce; depois, subirás tu, e Arão contigo; os sacerdotes, porém, e o povo não traspassem o limite para subir ao SENHOR, para que não os fira. Desceu, pois, Moisés ao povo e lhe disse tudo isso.” - RA). Ele queria que a nação de Israel percebesse que os homens, que são pecadores, precisam estar separados do Deus santo.
A separação entre Deus e os pecadores também pode ser vista no simbolismo da tenda, ou tabernáculo, que Deus disse para Moisés levantar no deserto. Um aposento muito especial do tabernáculo era fechado com cortinas (ver Ex 26.33: “Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e trarás para lá a arca do Testemunho, para dentro do véu; o véu vos fará separação entre o Santo Lugar e o Santo dos Santos” - RA). Somente uma pessoa tinha permissão de entrar nesse aposento do tabernáculo, um sacerdote santificado, que podia entrar ali uma vez por ano, a fim de borrifar sangue sobre o propiciatório (ver Lv 16). O Sumo Sacerdote assim fazia para a expiação pelos pecados do povo, na presença do Deus santo. Dessa maneira, o povo podia ver o quanto Deus odiava os seus pecados.
Há muitas referências no Antigo Testamento que salientam a santidade divina. Os trechos de Is 59.2 e Hc 1.13 ensinam que o pecado afasta Deus das pessoas pecaminosas, como também separa essas pessoas de Deus. As passagens de Jó 40.3-5 e Isaías 6.5-7 mostram-nos que quando temos uma verdadeira compreensão sobre a santidade de Deus, também percebemos quão horrenda coisa é o pecado. Quando percebemos a ilimitada santidade de Deus, isso cria em nós a tristeza por causa do pecado, a confissão do pecado e a humildade.

Continua no próximo post.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A Doutrina de Deus - 10.


Continuação do post anterior.
3. a onisciência divina. Basta um passo para passarmos da onipresença para a onisciência divina – o conhecimento que Ele tem de todas as coisas. Os seres humanos com freqüência trabalham arduamente para desvendar os fatos. À medida em que estudamos para obter conhecimentos, acumulamos fatos, mas por muitas vezes quanto mais estudamos, mas percebemos que pouco sabemos.
Deus não enfrenta esse tipo de problemas. Ele sabe todas as coisas. O governante do universo tem consciência sem limites. Esse é um fato impossível de entendermos plenamente e, no entanto, é essencial para a nossa fé na perfeição de Deus. Como é lógico, Ele deve saber tudo quanto realmente é fato, e tudo quanto é apenas possível. De outra maneira Ele teria que estar continuamente aprendendo aquilo que ainda não tivesse aprendido e ajustando a isso, os Seus planos e propósitos.
Visto que Deus sabe todas as coisas, Ele é capaz de dizer o que vai acontecer no futuro, muito antes que elas aconteçam. Por essa razão é que tantos acontecimentos são preditos nas Escrituras. Isso não significa que o Eterno toma as decisões sobre o que acontecerá conosco. Ele simplesmente sabe quais serão as nossas decisões, antes que elas ocorram. E, visto que Ele pode prever, então também pode predizer o que acontecerá no futuro. Mas o fato que Ele predisse não significa que Ele arbitrariamente predeterminou ou decidiu de antemão, o que haverá de ter lugar.
O fato de Deus saber todas as coisas deveria fortalecer a nossa fé, quando estamos em meio a alguma provação muito séria, porquanto Ele sabe as causas e o que sucederia com cada uma das soluções que poderíamos considerar. Desse fato podemos obter uma grande segurança, enquanto buscamos a sua orientação, acerca das corretas soluções para os nossos problemas.
Saber que Deus sabe todas as coisas deveria fazer-me voltar para Ele, pedindo orientação quanto as decisões que preciso tomar; Se Deus não soubesse todas as coisas, seria imperfeito; A Onisciência indica saber tudo quanto há para ser conhecido, incluindo um perfeito conhecimento sobre o passado, o presente e o futuro.
4. a sabedoria de Deus. Muitos cientistas têm um impressionante cabedal de conhecimentos; mas todo o conhecimento que os homens têm não serve para resolver os problemas da sociedade humana. As pessoas simplesmente não possuem a sabedoria necessária para saber como devem aplicar o conhecimento aos problemas, de modo tal que elas possam viver juntas, em paz e prosperidade.
A sabedoria não é a mesma coisa que o conhecimento. A sabedoria sonda o conhecimento, a fim de descobrir o mais elevado propósito possível, e então usa o melhor meio para concretizar esse bem. Visto que Deus é todo sábio, Ele faz bem todas as coisas. Em Sua perfeita sabedoria, Ele conferiu-nos a Sua Palavra, a Bíblia, a fim de guiar-nos em tudo quanto fazemos. Se vivermos conforme a Sua orientação, conforme está registrado em Sua Palavra, haveremos de beneficiar-nos da Sua sabedoria e ainda seremos abençoados por Ele.
Às vezes, não conseguimos perceber a sabedoria de Deus ao permitir que certas coisas aconteçam em nossas vidas. Antes de tudo, precisamos relembrar que Deus permite que façamos as nossas próprias escolhas; e, se essas decisões não estiverem de acordo com a Sua vontade, então haveremos de cair em problemas. Outrossim, devemos lembrar que vivemos em um mundo pecaminoso e que, tanto os crentes como os não-crentes, ocasionalmente tornam-se vítimas de desastres naturais e de ações más de outras pessoas, neste mundo contaminado pelo pecado.
O Senhor não é obrigado a explicar-nos exatamente porque razão as coisas acontecem da maneira como acontecem. Ele pode permitir certos acontecimentos por razões que desconhecemos inteiramente. Mas, conforme o trecho de 1 João 4.18 (“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” - RA), o perfeito amor elimina todo o temor. Podemos confiar plenamente em Deus, sob todas as circunstâncias possíveis, sabendo que em Sua infinita sabedoria, Ele fará com que todas as coisas contribuam justamente para o nosso bem e para a Sua glória. Veja Romanos 8.28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”- RA.
Trechos bíblicos como os de Salmos 104.24-30 e de Jeremias 10.12 lembram-nos que podemos ver a sabedoria de Deus através das coisas que foram criadas. Foi preciso um planejamento muito bem feito para concretizar todo o intrincado desígnio da natureza. É impressionante examinarmos uma pena de ave. Cada minúscula porção foi planejada para alguma função especial durante o vôo, ou a fim de protegê-la. Quando examinamos o esqueleto de uma ave, descobrimos que os ossos maiores são ocos e cheios de ar, capaz de fazer a pequena criatura pairar no ar. E o filhotes de qualquer espécie de ave tem a mesma estrutura. Esse é apenas um pequeno exemplo da grande sabedoria de nosso Deus.
Devemos nos sentir abençoados, ao observarmos que Deus também pôs a nossa disposição a Sua sabedoria, para os momentos de necessidade. Não importa o que temos de enfrentar hoje, ou teremos de enfrentar amanhã, na semana que vem ou no próximo mês. A passagem de Tiago 1.5 diz-nos que não devemos duvidar, mas antes devemos pedir sabedoria, porquanto Deus é generoso e gracioso, quando se trata de dar algo ao seu povo.

Continua no próximo post.