sábado, 14 de julho de 2018



As Profecias – 1.
As Profecias de Daniel.
O tempo da vinda do Messias foi definido mais precisamente pelo profeta Daniel em sua profecia das setenta semanas. O profeta Daniel escreveu a profecia sobre o tempo da chegada do Messias, quando ele e outros hebreus encontravam-se cativos na Babilônia.
Os hebreus foram levados ao cativeiro pelo rei Nabucodonosor, que havia destruído a cidade de Jerusalém no ano 588 A.C. O profeta Daniel sabia que os 70 anos, período do cativeiro babilônico proferido pelo profeta Jeremias (no Cap.25 de seu livro) estava chegando ao fim. Desejando rápido retorno do povo hebreu do cativeiro para sua terra nativa e a restauração da Cidade Santa de Jerusalém, Daniel começou a pedir freqüentemente a Deus por isto, em preces fervorosas. Ao final de uma destas preces, surgiu repentinamente diante dele o Arcanjo Gabriel e disse que Deus ouvira sua prece e em breve auxiliaria os hebreus na restauração da cidade. Prosseguindo, o Arcanjo revelou ainda mais notícias boas, especificamente, que do tempo da declaração do decreto da restauração de Jerusalém, iniciar-se-ia a previsão do ano da vinda do Messias e a instituição do Novo Testamento. Eis o que o Arcanjo Gabriel falou ao profeta Daniel:
"Setenta semanas de anos foram decretadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa a fim de que as prevaricações se consumam, o pecado tenha o seu fim, a iniqüidade se apague, a justiça eterna seja trazida, as visões e profecias se cumpram e o Santo dos Santos seja ungido. Sabe, pois, isto e adverte-o bem: Desde a saída da ordem para Jerusalém ser reedificada até ao Cristo chefe, passarão sete semanas e sessenta e duas semanas; e serão reedificadas as praças e os muros nos tempos de angústia. Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Cristo, e o povo que O há de negar, não será mais Seu. Um povo com o seu capitão, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário; o seu fim será uma ruína total, e, depois do fim da guerra, virá a desolação decretada. E (o Cristo) confirmará com muitos a Sua Aliança durante uma semana; no meio da semana fará cessar a hóstia e o sacrifício; estará no Templo a abominação da desolação; e a desolação durará até à consumação e até ao fim" (Dan.9:24-27).
A totalidade do tempo, desde o decreto da restauração de Jerusalém até a instituição do Novo Testamento e da segunda destruição desta cidade, está nesta profecia, dividido em três períodos.
A disposição de tempo de cada período era calculado em "semana" anos, isto é, sete anos a fio. A palavra hebraica para "semana" é "shavua" e literalmente significa "sete." Sete é um número sagrado, simbolicamente significa plenitude, perfeição.
O significado da profecia dada é o seguinte: para a nação judáica e para a Cidade Santa são estabelecidas 70 "semanas" (70 x 7 = 490 anos), até à vinda do Santo dos Santos (Cristo), o Qual extinguirá a ilegalidade, trazendo a verdade eterna e realizando todas as profecias.
A norma para a nova construção de Jerusalém e do Templo servirá como o início destas semanas; e as últimas semanas servirão como a segunda destruição de ambos.
Pela ordem dos acontecimentos, estas semanas estão divididas do seguinte modo: durante as primeiras sete "semanas" (i.e. 49 anos) Jerusalém e o Templo serão reconstruídos.
Então, no final das 62 semanas seguintes (i.e. 434 anos) Cristo virá, mas Ele sofrerá e será levado à morte. Finalmente, no decorrer da última "semana" (i.e. 7 anos) será instituído o Novo Testamento e na metade desta "semana" os sacrifícios habituais no Templo de Jerusalém serão extinguidos e haverá no santuário abominação proveniente da desolação. Virá então um povo conduzido por um líder, o qual destruirá a Cidade Santa e o Templo.
É interessante e instrutivo observar, como de fato os acontecimentos históricos se desenrolam no período de tempo designado pelo Arcanjo Gabriel. O decreto para a restauração de Jerusalém foi expedido pelo rei persa Artaxerxes da dinastia Arquemenide em 453 A.C. Este notável acontecimento é descrito em detalhes por Neemias no 2o capítulo de seu livro.
À partir do momento da expedição desse decreto, é que deve se começar a enumeração das "semanas" de Daniel. Pelo método grego de contagem dos anos, este era o 3o ano da 76a Olimpíada. Pelo método romano era o 299o ano após a fundação de Roma.
A restauração dos muros e do Templo foi protelada aproximadamente por 40 ou 50 anos (sete "semanas"), pois muitas nações pagãs que viviam nas regiões vizinhas de Jerusalém, impediam de todas as maneiras possíveis a restauração da cidade.
De acordo com a profecia, o Messias iria sofrer pela purificação dos pecados humanos no período entre 69 e 70 "semanas." Se somarmos ao ano da expedição do decreto da restauração de Jerusalém 69 semanas (69 x 7) i.e. 483 anos, resultará então no 30o ano do método cristão de numeração dos anos. E foi por volta desse tempo, de 30 a 37 D.C. conforme a profecia, que o Messias iria sofrer e morrer.


segunda-feira, 23 de abril de 2018

A Teologia de Culto Reformado - 04,



Continuação do post anterior.

A doutrina que Calvino fez cada vez mais distintivamente sua foi a da Eleição. Pode ser dito que ele redescobriu o sentido da Igreja como o Novo Israel, o povo de Deus. Esta doutrina sem sombra de dúvida é refletida em sua teoria do culto. Ela produziu um profundo senso de honra e reverência perante Deus, que era enfatizado na liturgia pela leitura do Decálogo e pela confissão de fé que era feita pelos cristãos como uma unidade em Cristo. Não era menos sentida na profunda e espontânea gratidão que extravasava através do cântico de salmos pela congregação.
E foi esta doutrina, como também a da Comunhão como “sigillum Verbi” que fazia Calvino enfatizar a unidade da Comunhão antes da Santa Ceia. A comunhão era portanto não um mero apêndice ao ato da pregação, era o ato para os fiéis onde Deus selava suas promessas aos Eleitos. A doutrina da Eleição com sua reflexão na natureza corporativa do culto calvinista contrasta com o individualismo que caracteriza a liturgia Luterana.
Deixar esta matéria desta forma seria uma injustiça para a memória de Lutero. Deve ser reconhecido que Calvino teve que acomodar suas visões em três assuntos. Ele fez uma distinção entre os fundamentais e os não importantes pontos na forma do culto. Ele não vacilava por um momento de sua convicção de que todo o culto deve proceder da divina inspiração, e as tradições humanas não carregavam nenhum peso na adoração. Por outro lado, ele mantinha que em matéria de culto existiam tanto doutrinas fundamentais como também auxílios superficiais que conduziam a paz e concórdia que deveriam ser deixados para o julgamento dos Cristãos como indivíduos. Ele fez apenas três concessões, cada uma delas em matéria de forma, não de doutrina. Ele desistiu de sua fórmula de absolvição quando a população de Genebra a depreciou como novidade.
Ele também permitiu que a Santa Ceia fosse celebrada com pão não fermentado. Ele não desaprovou o uso de pão não fermentado no Sacramento, mas ele não gostou do método pelo qual esta mudança foi introduzida em Genebra, ou seja, ele desaprovou o modo arbitrário pelo qual o vizinho Cantão de Berna exigiu que Genebra adotasse esta prática. Sua terceira e maior concessão, foi a de se render ao requerimento dos magistrados de genebra em permitir a Ceia do Senhor ser celebrada apenas quatro vezes por ano. Este ponto não foi facilmente concedido e Calvino deixou registrado para a posteridade que sua convicção nesta matéria foi imposta pelos magistrados genebrinos.
Estas três concessões não podem ser comparadas em seriedade ou amplitude com as concessões feitas por Lutero. Sendo assim, Calvino não pode ser acusado de inconsistência ou conservadorismo na matéria de acomodação, porque ele sabia tanto a lógica de sua posição e que deveria ceder porque era minoria como porque os pontos em questão eram apenas de menor importância.
É na comparação da doutrina dos sacramentos de Calvino (e particularmente da Ceia do Senhor) com a de Lutero, que a anterior base teológica consistente aparece de forma clara. Não é apenas asseverar que Calvino era meramente lógico no seu tratamento dos Sacramentos, visto que ele reconheceu que existe um ministério impenetrável nos graciosos atos de Deus para com o homem, os quais a razão pode raramente provar. Assim, ele era um adorador de mente acurada. No entanto, sua doutrina dos Sacramentos era mais consistente teologicamente que a de Lutero. Como Barclay demonstra, os dois Reformadores eram concordes em quatro principais aplicações. Ambos condenavam qualquer doutrina que negava a necessidade de fé viva no receptor ou que ensinava que os sacramentos conferiam graça ex opere operato.
Ambos repudiavam a doutrina que mantinha que os Sacramentos deveriam ser entendidos num sentido meramente etimológico como distintivos ou testemunhos da profissão cristã. Em terceiro lugar, eles rejeitavam como inadequada a visão que os sacramentos representavam meras alegorias ou significativas exibições da verdade. Finalmente, ambos se opuseram a doutrina que expressava que a Ceia do Senhor era apenas um rito comemorativo.
Para ambos os sacramentos eram, positivamente, “sigilla verbi”, ou seja, eles eram sinais pelos quais Deus confirmava ou selava suas promessas ao seu povo. A diferença radical entre a visão atrasada luterana e a doutrina Calvinista consistia no fato que Lutero mantinha refere ao seu poder santificador pelo acompanhamento do auxílio de Deus. Lutero pensava que a objetividade do sacramento apenas poderia ser mantida se a eficácia inerente fosse postulada.
Asseverar a fé como uma pré-condição para a sua eficácia parecia para ele fazer os sacramentos dependerem da fé do receptor. Calvino estava bem ciente desta imputação, mas sua doutrina da Ceia do Senhor não pode ser acusada de subjetividade, desde que ele declara que a própria fé é um dom de Deus mediado pelo Espírito Santo. Lutero também achou dificuldade em manter uma crença numa mística união de Cristo com o crente na Santa Ceia, se alguém mantinha que o corpo ressurreto do Senhor era limitado.
Continua no próximo post.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Teologia do Culto Reformado - 03.

Continuação do post anterior.
Alguém poderia perguntar se Lutero ficaria satisfeito com essa resposta, desde que com o senso que tinha da grandiosa condescendência de Deus em Cristo, ele mantinha que Deus tinha dado ao homem auxílios as suas devoções. Tais auxílios eram rituais e cerimônias. Assim como Cristo, pela sua encarnação, santificou a humanidade, então as coisas terrenas poderiam ser sacramentais ao divino.
Lutero não estava preparado a dispensar o “o porta olho” para a alma, como Bunyan iria mais tarde denominar. Como nós iremos ver mais tarde, essa visão era inaceitável para Calvino, desde que ele mantinha que o homem era essencialmente corrupto e que seu culto só era aceitável na medida em que ele se conformava com a lei de Deus nas Escrituras. Calvino mantinha que o Decálogo discorrendo contra “as imagens de escultura”, tinha dispensando suficientemente a necessidade de cerimônias e vestimentas.
A atitude de Lutero será vista, era capaz de ser defendida em termos teológicos. Mas sua atitude não era estritamente teológica, nem era sempre baseada em princípios. Algumas vezes ele era inconsistente com seus princípios. Lutero nem sempre levava suas convicções teológicas as suas conclusões lógicas. Por exemplo, seu apelo ao braço secular para punir os camponeses os quais se revoltaram contra seus senhores era contrario a sua doutrina da liberdade do cristão.
Similarmente, em matéria litúrgica, pode ser fartamente exposto que sua doutrina da Palavra de Deus não foi logicamente desenvolvida. Como atenuante deve ser lembrado, no entanto, que ele foi o primeiro reformador e que no tempo de Calvino a situação era mais estável e os homens tinham mais tempo de refletir nestes assuntos. Não obstante, não pode ser negado que nos últimos anos de Lutero, o reformador mostrou um crescente conservadorismo. Ele desejava mais uniformidade tanto no uso das vestimentas eclesiásticas como nas formas de liturgia. O que previamente era opcional, se tornou obrigatório.

Finalmente, não pode se ter dúvida que a opinião de Lutero foi, em certa extensão, moldada não em cima de um principio, mas pelos acontecimentos. O método era “solvitur ambulando”. Isto era definitivamente o caso na ordem pela qual suas reformas eram executadas. Sua pregação da Justificação pela fé exigiu para ele reformar o Cânon da Missa. Isto por sua vez levou os sacerdotes a serem separados para cada localidade e também para o costume onde cada sacerdote era permitido realizar uma missa a cada dia. O ataque na vida monástica fez com que muitos monges e freiras deixassem suas vidas solitárias, mas agora estavam desempregados.
Continua no próximo post.