A Reforma na Alemanha com Martinho Lutero.
Continuação do post anterior.
A Alemanha do século XVI oferecia um terreno
privilegiado para o desenvolvimento das ideias reformistas. Lá, a Igreja,
grande proprietária de terras, distribuía bispados e abadias. Com suas taxas e
coletas, arrecadava recursos abundantes. Os costumes do clero, bispos e curas,
eram bastante depravados. Mais que em outros lugares, lá a imprensa difundira
muitas edições da Bíblia e das obras dos humanistas.
Foi nessa situação que Lutero jovem estudante de Direito e humanista
em Erfurt, entrou para o convento dos agostinianos em julho de 1505 para
tornar-se verdadeiramente cristão.
Monge escrupuloso era perseguido pelo terror de não
merecer a livre graça de Deus, tomado de medo da justiça divina. Mas a leitura
incessante da Escritura acabou convencendo-o de que “a justiça de Deus significa a justiça que Deus dá e pela qual o justo
vive, se tiver fé”. Descobriu que Deus, Pai de Jesus Cristo é Deus de amor.
Por sua fé em Cristo Salvador, o cristão sabe que é, simultaneamente, “sempre pecador”, “sempre arrependido” e “sempre
justo”. Ou melhor, que a fé em Jesus Cristo o justifica. Porque Deus, por seu Filho, manifesta
sua confiança no homem; e a fé do justo é a acolhida dessa confiança. Foi essa
convicção entusiasmada que deu a Lutero a coragem de opor-se, em nome dessa
verdade escriturística, à autoridade eclesiástica.
O debate começou a propósito da questão das
indulgências, em 1517. Para o término da construção da Basílica de São Pedro em
Roma, o arcebispo de Maiença pôs a vender em toda a Alemanha “indulgências”, isto é, o livramento de
uma penitência, aplicável também aos defuntos, ainda no purgatório. Os
banqueiros de Augsburg, com os quais Alberto de Brandenburgo estava endividado,
recolhiam os pagamentos. Os dominicanos, entre os quais João Tetzel foram
encarregados da pregação das indulgências. Escandalizado, Martinho Lutero
protestou junto às autoridades eclesiásticas. Denunciou do alto do púlpito, esse
engano e por fim afixou na porta da igreja de Wittemberg, 95 proposições
condenando as indulgências: “é só Deus
que perdoa e salva”. Os estudantes se encarregavam de difundir as
proposições.
Intimado a se retratar, Lutero apelou várias vezes
ao papa, mas se recusou a apresentar-se em Roma. Depois da disputa de quatro dias com o legado papal e de
dois escritos, Lutero foi excomungado pelo papa. Entrementes, Lutero redigiu e
publicou os escritos que fundam a Reforma: “Da
liberdade do cristão”, “A nobreza
cristã da nação alemã” e “Prelúdio
sobre o cativeiro babilônico da Igreja”, destinados ao clero.
Mais tarde para replicar a Erasmo, ele escreveu “Do servo arbítrio“, e contra os
anabatistas, O dever das autoridades
civis de se oporem aos anabatistas por castigos corporais; enfim, escreveu
o Pequeno e o Grande Catecismo e a
célebre Confissão de Augsburg.
Continua no próximo post.
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