A Teologia do Culto Reformado - 1.
É
freqüentemente suposto que as reformas litúrgicas de Lutero e
Calvino são concordes somente na condenação dos abusos existentes
no final da Igreja Medieval. É também admitido que as diferenças
nas respectivas concepções de Culto e no cerne essencial das suas
ordens litúrgicas refletiam os contrastes no temperamento deles.
Isto é um grave equivoco no entendimento tanto de Lutero como de
Calvino em dois aspectos. Uma tentativa será feita para mostrar que
os pilares gêmeos da Reforma concordavam não apenas no que
constituía os abusos do final da igreja medieval, mas também no
desejo de retornar para a primitiva simplicidade do culto cristão.
A
concordância deles sobre os abusos que deviam ser corrigidos, muito
mais que a expressão de suas preferências subjetivas, foi devida às
doutrinas teológicas que eles mantinham em comum. Em segundo lugar,
será demonstrado que é uma simplificação espúria da matéria,
declarar que os desacordos entre Lutero e Calvino são explicados
como resultado, respectivamente, do conservadorismo de Lutero e da
natureza rigidamente lógica de Calvino. Mesmo que esta afirmação
seja alterada e venha a produzir a impressão que Calvino foi
inteiramente verdadeiro aos seus princípios, enquanto Lutero foi
conservador, isto ainda permanece uma concepção injusta a respeito
de Lutero. Seu aparente conservadorismo pode ser explicado por
princípios teológicos.
Os
Reformadores eram concordes com respeito aos abusos da igreja
medieval, que deviam ser corrigidos. Em particular, eles investiram
contra quatro falsas concepções. Sua comum “aversão peculiar”
foi o ensinamento a respeito da Missa da Igreja medieval. Eles
concordavam em condenar o ensinamento que proclama ser na Missa mais
uma vez oferecido o sacrifício que de uma vez por todas foi feito no
Calvário. Não parecia nada menos que blasfemo para eles que homens
ousassem asseverar que o sacrifício feito na Cruz exigia ser
repetido. Eles estavam igualmente seguros, em segundo lugar, que a
Missa como era celebrada não era uma comunhão. O povo não
comungava de ambos os elementos; eles eram apenas espectadores de um
drama no qual o sacerdote era o ator principal e o coro cantava uma
música incidental e complicada. Isso não era tudo; o serviço da
Missa não era nem inteligível para a maior parte
do
povo, porque onde era audível, o era falada ou cantada em uma língua
acadêmica, o latim.
Continua no próximo post.
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