sábado, 14 de outubro de 2017

     A Teologia do Culto Reformado - 1.

     É freqüentemente suposto que as reformas litúrgicas de Lutero e Calvino são concordes somente na condenação dos abusos existentes no final da Igreja Medieval. É também admitido que as diferenças nas respectivas concepções de Culto e no cerne essencial das suas ordens litúrgicas refletiam os contrastes no temperamento deles. Isto é um grave equivoco no entendimento tanto de Lutero como de Calvino em dois aspectos. Uma tentativa será feita para mostrar que os pilares gêmeos da Reforma concordavam não apenas no que constituía os abusos do final da igreja medieval, mas também no desejo de retornar para a primitiva simplicidade do culto cristão.
     A concordância deles sobre os abusos que deviam ser corrigidos, muito mais que a expressão de suas preferências subjetivas, foi devida às doutrinas teológicas que eles mantinham em comum. Em segundo lugar, será demonstrado que é uma simplificação espúria da matéria, declarar que os desacordos entre Lutero e Calvino são explicados como resultado, respectivamente, do conservadorismo de Lutero e da natureza rigidamente lógica de Calvino. Mesmo que esta afirmação seja alterada e venha a produzir a impressão que Calvino foi inteiramente verdadeiro aos seus princípios, enquanto Lutero foi conservador, isto ainda permanece uma concepção injusta a respeito de Lutero. Seu aparente conservadorismo pode ser explicado por princípios teológicos.
   Os Reformadores eram concordes com respeito aos abusos da igreja medieval, que deviam ser corrigidos. Em particular, eles investiram contra quatro falsas concepções. Sua comum “aversão peculiar” foi o ensinamento a respeito da Missa da Igreja medieval. Eles concordavam em condenar o ensinamento que proclama ser na Missa mais uma vez oferecido o sacrifício que de uma vez por todas foi feito no Calvário. Não parecia nada menos que blasfemo para eles que homens ousassem asseverar que o sacrifício feito na Cruz exigia ser repetido. Eles estavam igualmente seguros, em segundo lugar, que a Missa como era celebrada não era uma comunhão. O povo não comungava de ambos os elementos; eles eram apenas espectadores de um drama no qual o sacerdote era o ator principal e o coro cantava uma música incidental e complicada. Isso não era tudo; o serviço da Missa não era nem inteligível para a maior parte do povo, porque onde era audível, o era falada ou cantada em uma língua acadêmica, o latim. 
Continua no próximo post.

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