quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 04.



Continuação do post anterior.
A terceira grande divergência é referente ao poder. Duas teses entraram em divergência: Uma, tradicional, na Igreja do oriente, segundo a qual a ordem dos bispados na hierarquia era determinada pela ordem civil das cidades das quais eram titulares. O Concílio de Nicéia reconhecia, outrossim, a autoridade dos bispos de Roma. O de Constantinopla reconhecia a autoridade do seu bispo. Portanto, quando Constantinopla se tornou a capital do império seu bispo devia tornar-se o chefe da cristandade.
Com paroxismos e tréguas, esse conflito se prolongou até a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453. A Igreja Ortodoxa Grega recebeu, então, a jurisdição sobre todos os cristãos de Império Turco, cujas fronteiras se confundiam com as de Patriarcado de Constantinopla. Escapa-lhe somente a Rússia que obtêm que Moscou seja erigida como Patriarcado independente. Seu chefe é o Patriarca de Moscou. As noventa e três dioceses correspondem às Regiões administrativas provinciais da Rússia.
Na Igreja Ortodoxa russa, duas academias de teologia e três seminários asseguram a formação de um clero cuja função é limitada estritamente ao culto. Os edifícios religiosos e até os utensílios sagrados pertencem ao Estado que os empresta à pedido. Os recursos financeiros são sujeitos ao controle do governo, além das doações dos fiéis e da venda de pão bento e de velas. Depois dessa ocasião, a história das igrejas ortodoxas, passou a seguir as independências nacionais. Assim se tornaram independentes as igrejas da Sérvia, da Grécia, da Bulgária, de Chipre, de Alexandria, de Antioquia, de Jerusalém, da Romênia e da Albânia.
O que caracteriza religiosamente a tradição ortodoxa é a maneira de privilegiar três aspectos da fé cristã: A Ressurreição, a Trindade e o Espírito Santo. A Páscoa é a maior festa ortodoxa. É o dia em que os fiéis enchem as Igrejas, cantam hinos e se saúdam alegremente, dizendo, em lugar de “Feliz Páscoa”: Jesus Cristo ressuscitou!. E respondem: - É verdade, Ele ressuscitou!.
È que, para os ortodoxos, a Páscoa é verdadeiramente a passagem da morte para a vida. Não representa o aniversário da reanimação de um corpo morto, mas o sinal da vitória de Cristo sobre a morte. É também a certeza de vida eterna para todos os crentes. Com Cristo e por Ele, o cristão participa da vida divina.
A Trindade é o centro da fé cristã que a distingue de todas as outras religiões. Por isso é que o ícone mais célebre da Igreja Ortodoxa representa os três hóspedes misteriosos de Abraão. Também, os russos se persignam com três dedos. (Persignar é “fazer o sinal da cruz”, isto é, fazer três cruzes com a mão, uma na testa, outra no peito e outra na boca, dizendo: “Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”).
O Deus triunitário dos ortodoxos é a unidade viva que reina entre as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Crer na Trindade é crer também na superação das divergências por meio da comunhão do amor. A fé ortodoxa na Trindade é rejeição da excomunhão. A Igreja é formada à imagem da Trindade, isto é, da comunhão de amor de todos os crentes, formando um só corpo.
É pelo Espírito Santo que sopra sobre eles, que os fiéis ortodoxos se tornam corpo de Cristo e portadores do Espírito. Essa presença do Espírito torna-os testemunhas da verdade.
Separados de Roma, à qual, quase nunca estiveram unidas, as Igrejas Ortodoxas realizam periodicamente tentativas de aproximação com a igreja Católica. Juntamente com algumas igrejas evangélicas, tenta-se uma reunificação do Cristianismo no Conselho Mundial de Igrejas. Um dos caminhos para se chegar a essa unificação do Cristianismo pode ser um maior conhecimento da igreja antiga é tentar entender as razões que levaram às divisões e aos cismas.
Continua no próximo post.

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