sábado, 24 de agosto de 2013

Os Grandes Cismas do Cristianismo - 07.



Os cinco Patriarcados.
Continuação do post anterior.
Os Cincos Patriarcas. Antes de Constantino, Bizâncio era um insignificante episcopado sob o comando do Metropolita de Heraclea. Mas a partir do momento que a assim renomeada Constantinopla (cidade de Constantino) suplantou a velha Roma como capital do Império Romano, ela veio a ser, também, o mais importante arcebispado do império; e o Quarto Concílio Ecumênico intitulou o Arcebispo de Constantinopla com igual reverência à do Arcebispo de Roma, "porque Constantinopla é a cidade do rei." Pela mesma razão, a outrora insignificante cidade de Bizâncio foi elevada à condição de capital do mundo ao mesmo tempo em que a antiga cidade de Roma estava decrescendo. Em 587 o Arcebispo de Constantinopla, João o Jejuador, reivindicou e obteve o título honorífico de "Ecumênico", ou seja, “bispo Universal”.
Seu rival, Gregório o Grande, de Roma, recusou-se a usar esse título, nem tanto contra o título em si, mas como um protesto contra o portador dele (João), e procedia provavelmente mais de ciúme de um rival em Constantinopla do que de uma sincera humildade.  Mas, os sucessores de Gregório, em Roma, não esperaram muito para chamar a si mesmo “bispos universais”. O conceito de "bispo universal", por direito, pertence somente a Cristo (1 Pedro 2:25). A hierarquia que agora está centralizada na Cidade do Vaticano é totalmente estranha ao Novo Testamento.
Discute-se se, em Bizâncio, a Igreja entregou sua "liberdade" nas mãos dos Césares, com a presunção de que o Imperador era o real governante da Igreja, mesmo que nunca tenha sido reconhecido como sua cabeça. Tem sido dito mais de uma vez, que em Bizâncio a Igreja simplesmente deixou de existir como uma "instituição independente" e foi praticamente reduzida ao estado de "departamento litúrgico do Império”.
Com o correr do tempo, a autoridade administrativa dos Arcebispos de Éfeso e Cesarea tornaram-se subordinadas ao Arcebispo de Constantinopla, e Salonica ficou sobre o comando de Roma; e em 431 o episcopado de Jerusalém, foi promovido ao nível de centro eclesiástico independente, como uma reverência com a Cidade Santa que havia sido o berço do Cristianismo no seu nascimento. Assim, em meados do século quinto, existiram, no mundo cristão, cinco governantes eclesiásticos supremos, que começaram a receber o título de "Patriarcas": os Arcebispos de Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, além da igreja de Chipre que passou a ter uma consideração especial devido à sua origem apostólica.
Catástrofes políticas no Oriente, isto é, a invasão Persa e a conquista Árabe, junto com a secessão dos Monofisistas e Nestorianos no Egito e na Síria, reduziram o papel das antigas grandes Sés daquelas áreas, e isso acelerou a subida da Sé de Constantinopla. As ferozes incursões do Mohamedanismo ao Egito, Síria e Palestina diminuíram a importância dos três últimos Patriarcados citados e os restringiram de todos os modos. Daí em diante, duas cabeças eclesiásticas permaneceram supremas no Cristianismo; no Ocidente o Primado da Velha Roma, cuja autoridade era firmemente crescente; e no Oriente o Primado da Nova Roma, ou Constantinopla, que estava lutando para manter sua independência eclesiástica.
A Ambição dos Papas de Roma. Apesar de sua posição exaltada e seu impressionante título de "Patriarca Ecumênico," o Patriarca de Constantinopla exercia uma autoridade que era restrita de muitas maneiras e nunca foi capaz de ambicionar a suprema autoridade sobre o mundo todo. A glória política de seu trono foi obscurecida pela origem apostólica ou pela renovada santidade de outras cidades do oriente, e sua liberdade era cortada pelo Imperador Bizantino, que convocava os concílios, e às vezes, até mesmo ele próprio emitia Decretos de Fé, indicava o Patriarca, e constantemente interferia nos assuntos eclesiásticos. A posição do Papa, no entanto, era completamente diferente. Roma era a única Igreja Apostólica do Ocidente, e era, por isso, olhada reverentemente pelos Cristãos da Itália, Gália, Espanha, África e outros.
O Imperador, cujo trono estava então no Oriente, estava muito longe para ingerir-se nos assuntos da Igreja de Roma, e cabeças da Igreja Oriental, perseguidos por Imperadores heréticos, como foi o caso, por exemplo, de Atanásio, procuravam refúgio com os Papas de Roma. Até o passado histórico de Roma, uma vez mandatária no mundo todo, alimentava no coração dos Papas ambições despóticas e imperialistas. Assim, desde os primeiros tempos, vemos atitudes arrogantes dos Papas para com seus companheiros-bispos. Os Papas nunca falharam em tirar vantagem de qualquer circunstância que pudesse colaborar com o objetivo de sujeição de outros bispos, até que, tendo reunido todas as Igrejas Ocidentais sob sua autoridade, eles julgaram o momento oportuno para invadir as Igrejas do Oriente. Encontraram um pretexto para sua intenção nas disputas e lutas domésticas em Constantinopla durante o século nono.
Continua no próximo post.

Um "status" independente foi concedido à Igreja de Chipre, em consideração à sua origem Apostólica e antiga glória.

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