A
INQUISIÇÃO - 04.
Continuação
do post anterior.
O
Juiz Heinrich Von Schulteis de Rhineland do século XVII, considerava
a tortura agradável aos olhos de Deus. Ele chegou a cortar os pés
de uma mulher e despejar óleo quente nas feridas abertas.
Agora,
que opções tinham os réus? Pois eram torturados se necessário até
a morte para confessar qualquer absurdo, e quando confessavam eram
queimados vivos ou teriam a cabeça decepada entre outras formas
brutais e malignas de se tirar uma vida.
Quanto
ao réu não saber quem o acusou e acusou-o de que, isso era
extremamente interessante para a igreja, porquê dessa maneira a
igreja pegava qualquer pessoa que tivesse posses e a acusava de
qualquer coisa, assim sendo, a pessoa seria condenada e todos os seus
bens confiscados pela “Santa Igreja”. Falsas acusações,
indulgências, pilhagens, saques tornaram a Igreja um Império
Poderoso, tanto político quanto “espiritual”: o Vaticano um país
dentro do território de outro país.
A
arrogância clerical e os abusos de uma igreja corrupta se tornavam
cada vez mais insuportáveis. No início do século XIII, o próprio
Papa afirmava que os seus respeitados sacerdotes eram “piores que
animais refocilando-se em seu próprio excremento”.
“Pescadores
de dinheiro e não de almas”, com mil fraudes para esvaziar os
bolsos dos pobres, assim eram descritos os bispos da época. De
acordo com o legado papal na Alemanha, eles reclamavam de que o clero
em sua jurisdição só sabia se refestelar de luxo e gulodice, não
respeitava jejuns, fazia transações comerciais, jogava e caçava.
Eram enormes as oportunidades de corrupção, até para a realização
de seus deveres oficiais exigiam dinheiro, casamentos e funerais sem
pagamento adiantado não existia e antes de uma doação não se
realizava comunhão, até mesmo os agonizantes ficavam sem seus
últimos sacramentos caso algumas moedas não tilintassem no cofre.
As famosas indulgências eram simplesmente uma renda extra.
Por
ironia do destino, tempos depois, a igreja acusava a Ordem dos
Cavaleiros Templários de toda a heresia possível, inclusive de
homossexuais, mas esquecera-se que dentro da própria igreja toda
essa heresia era um exemplo vivo, usurpadores, torturadores e também
existiam os homossexuais. O próprio Arcebispo de Tours foi um
homossexual notório que fora amante do seu antecessor e que exigiu
na época que o bispado vagado de Orleans fosse concedido ao seu
amante. Mas esse pequeno texto é apenas um detalhe, um livro
bastante indicado é “A Inquisição” (Michael Baigent &
Richard Leigh) entre outros, o que se torna bastante interessante
quando comparamos.
Segundo
o maior poeta lírico alemão da Idade Média (os livros alemães são
importantes, mas raros e quase ninguém tem acesso), Walther Von der
Vogelweide (1170-1230): “Por quanto em sono jazereis, Ó
Senhor?...Vosso tesoureiro furta a riqueza que haveis armazenado.
Vosso ministro rouba aqui e assassina ali, E de vossos cordeiros como
pastor cuida um lobo”.
Em
novembro de 1207, o Papa Inocêncio III escreveu ao Rei da França e
a vários nobres do alto escalão francês, obrigando-os a suprimir
os “hereges” em seus domínios pela força militar, em troca
recebiam variáveis recompensas, desde absolvição de seus pecados e
vícios, liberação de pagamento de todo juro sobre suas dívidas,
isenção da Jurisdição dos Tribunais Seculares, além é claro de
todas as vantagens explícitas ainda recebiam permissão para
saquear, roubar, pilhar e expropriar propriedades. Sendo assim,
surgiram batalhas uma após a outra, massacres, que segundo a Igreja
eram conhecidos como “Guerra Santa” em nome de Deus, mas de um
Deus que somente essa igreja conhecia e se beneficiava da sua
proteção.
Assim
teve início a Inquisição em pleno tumulto da Idade Média por um
decreto papal de 1233 que oficializava a lei do Vaticano. Nos cinco
séculos seguintes essa temível instituição continuaria consumindo
o que ela julgava como inimigos da igreja, heréticos ou feiticeiros
às centenas de milhares.
Continua
no próximo post.
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